Parada no tempo,
Perco-me no meu pensamento,
Revivo-me com a minha memória,
Que outrora me trouxe tanta glória,
E que tanta glória eu não sabia que teve esse mesmo momento.
Perco-me no meu pensamento,
Revivo-me com a minha memória,
Que outrora me trouxe tanta glória,
E que tanta glória eu não sabia que teve esse mesmo momento.
Vou escrevendo,
Não vou mentindo, mas sim sentindo,
Sentindo tudo aquilo que escrevo,
Tudo aquilo que me faz ser o rochedo,
Que, imóvel e inderrubável, vai envelhecendo.
Relembro as ditas palavras,
Que no meu percurso as fiz de escravas,
Ouvindo ao longe as vozes de um outrém,
Que ainda hoje ele as tem,
Mas que, arrependido, as guarda.
E caminho na rua discretamente,
Cabisbaixa e com uma tristeza envolvente,
Não oiço música, não me sinto,
Não faço nada, nem me desminto,
Deixo-me ser invalidada solenemente.
Numa noite não premeditada,
Em que tudo foi puro acaso, mas parecia já combinada,
Fenómenos estranhos sucederam-se,
E tantos outros envolveram-se,
Que me senti e sinto revoltada !
Não sei bem que pensar,
Não sei ter os pés na terra, nem no mar,
E nem no ar que não tem forma,
Não sei bem no que é que isto me torna,
Não sei bem o que pensar.
E nisto me debruço ao ir embora,
Com muita pressa e sem demora,
Apresso o passo e não apresso,
Sei que existo, mas logo me esqueço,
Quero apenas encontrar a solução que desejo há horas.
Anseio por ela, desejo-a,
E invejo-a e cobiço-a
Argh! As máquinas malditas que destróem ou constróem a cidade,
Destróem-me ou não me destróem toda esta cumplicidade
De pensamentos que me não encontram a solução,
E que me fazem por isso, tentar falsificá-la.
Sigo em frente para o desconhecido,
Sigo para o que longe está de mim.
Percepciono o discreto,
E tento interpretar tudo o que não é concreto,
Tudo aquilo que baterá certo no fim...