Tem sido tão difícil escrever. Preciso de mais palavras. Talvez me dedique agora a uma outra língua, pois embora as palavras o mesmo queiram dizer, há toda uma nova linha de importâncias desde a sua sonoridade à forma como estas se apresentam e se relacionam com todas as outras que as rodeiam. É interessante ver quantas línguas nos cantam, quantas são frias, quantas são simplesmente carregadas, quantas são alegres, quantas são complexas, quanto são bonitas. Quem me dera saber falar todas as línguas. Talvez fizesse então um texto que seria também uma aproximação a algo melódico e metódico no sentido de construir com cada palavra de diferentes dialectos um som particular. Nem é preciso significar algo, porque as palavras significam sempre inúmeras concepções, fiquemos apenas pelo som, pela harmonia que estas possam ter.
Seria a canção do mundo. Eram as palavras notas e a voz o instrumento. Fariam desta harmonia o meu poliglótico alento.