Não durmo à noite.
E cada vez que olho para aquele céu distante e tão estrelado, esqueço-me de mim e talvez nessa imensidão tente afogar as saudades que tenho de ti.
Por cada vez que escrevo tão decidida, já não sei que decisão tomei...
Não sei quem sou, não sei nem de mim nem de ninguém.
Perguntei àquela estrela, àquele cometa, àquele ponto luminoso que me prendia o olhar, por mim e por ti.
Mas não obtive resposta. Ainda assim, todas as noites que não durmo, sento-me no parapeito da janela a observá-la.
Todas as noites lhe faço a mesma pergunta e todas as noites espero pela aquela resposta um tanto ou quanto messiânica.
Eu queria poder fechar os olhos e ter um sono descansada como há já algum tempo anseio, mas não consigo deixar de pensar.
Queria tanto saber se tomo ou não as decisões correctas...
Queria só desta vez fazer aquilo que está certo e conseguir.
O não fracassar que tantas vezes deixo esgueirar-se...
Talvez aquela estrela, que todas as noites me tem feito companhia, esteja ali para algo mais que isso, talvez ela acredite em mim, talvez ela acredite que consigo libertar-me dos meus medos.
Já tive tantas provas de que tudo tem o seu fim.
E o adiar o fim só torna esse tempo infernal, indesejável e, até insuportável como tem acontecido.
Não me quero sentir culpada se acho que não tenho culpa e se não me quero mudar porque se me mudasse teria de me refazer completamente.
Se estes comportamentos são tipicamente meus, quem os não aceita, não me aceita.
Mudar-me? Mudar o meu nome?
Não! Não o faço por ninguém!
Posso andar sozinha, mas como bem manda um velho provérbio “mais vale sozinha, que mal acompanhada”…
Nunca gostei de mentiras, gostei sim de apanhar mentirosos.
Não preciso que me mintam nem que me façam favores de companhia.
Talvez todo este tempo por ti me tenha afastado dos outros…
Um erro sem dúvida que, pelo o facto de ouvir mais o coração que pensar com os pés assentes na terra, me tenha deixado levar por sentimentos que infantilmente julguei eternos.
E agora que me tento libertar de toda esta confusão em que eu mesma me inseri, não sou capaz, porque sinto!
Porque eu sinto!
E tu, depois de me fazeres, pela primeira vez, ter sentido tudo isto, alguma vez por mim o mesmo sentiste?