terça-feira, 29 de julho de 2008

Não durmo à noite




Não durmo à noite.
E cada vez que olho para aquele céu distante e tão estrelado, esqueço-me de mim e talvez nessa imensidão tente afogar as saudades que tenho de ti.
Por cada vez que escrevo tão decidida, já não sei que decisão tomei...
Não sei quem sou, não sei nem de mim nem de ninguém.
Perguntei àquela estrela, àquele cometa, àquele ponto luminoso que me prendia o olhar, por mim e por ti.
Mas não obtive resposta. Ainda assim, todas as noites que não durmo, sento-me no parapeito da janela a observá-la.
Todas as noites lhe faço a mesma pergunta e todas as noites espero pela aquela resposta um tanto ou quanto messiânica.
Eu queria poder fechar os olhos e ter um sono descansada como há já algum tempo anseio, mas não consigo deixar de pensar.
Queria tanto saber se tomo ou não as decisões correctas...
Queria só desta vez fazer aquilo que está certo e conseguir.
O não fracassar que tantas vezes deixo esgueirar-se...
Talvez aquela estrela, que todas as noites me tem feito companhia, esteja ali para algo mais que isso, talvez ela acredite em mim, talvez ela acredite que consigo libertar-me dos meus medos.
Já tive tantas provas de que tudo tem o seu fim.
E o adiar o fim só torna esse tempo infernal, indesejável e, até insuportável como tem acontecido.
Não me quero sentir culpada se acho que não tenho culpa e se não me quero mudar porque se me mudasse teria de me refazer completamente.
Se estes comportamentos são tipicamente meus, quem os não aceita, não me aceita.
Mudar-me? Mudar o meu nome?
Não! Não o faço por ninguém!
Posso andar sozinha, mas como bem manda um velho provérbio “mais vale sozinha, que mal acompanhada”…
Nunca gostei de mentiras, gostei sim de apanhar mentirosos.
Não preciso que me mintam nem que me façam favores de companhia.
Talvez todo este tempo por ti me tenha afastado dos outros…
Um erro sem dúvida que, pelo o facto de ouvir mais o coração que pensar com os pés assentes na terra, me tenha deixado levar por sentimentos que infantilmente julguei eternos.
E agora que me tento libertar de toda esta confusão em que eu mesma me inseri, não sou capaz, porque sinto!
Porque eu sinto!

E tu, depois de me fazeres, pela primeira vez, ter sentido tudo isto, alguma vez por mim o mesmo sentiste?

domingo, 13 de julho de 2008

Perdoei


Dizem ‘que errar é humano e perdoar é divino’
E então perdoei. Nem sei explicar como, nem sei explicar bem o porquê, sei apenas dizer que não queria abandonar toda a felicidade que eu até aí tinha construído com aquela pessoa…
Não conseguia! Não conseguia sentir despreocupação da outra parte, como se amor, se o houve, foi efémero… Ainda assim, por mais estúpido que seja, não consegui dizer não ao querer talvez não tão supremo como quis do sim.
Queria eu mandar no coração, como antes tantas vezes o fazia.
Mas não… tinhas de me mudar! Tinhas de fazer de mim tua eterna súbdita, aquela que vai querer sempre lutar por ti!
Não me arrependo da minha escolha. Contudo, penso e sei, no fundo, que não foi nem de perto nem de longe, a mais acertada.
Depois de todos os dar a mão, depois de todas as palavras sentidas e tuas um tanto não sentidas, depois de saber o que quero de ti e o que quero que para mim sejas, não esperava uma desilusão destas. Porque de ti, principalmente de ti, não a esperava…
Agora de que vale iludir-me e dizer que tudo ficará como dantes, se sei que nunca ficará.
Sei que a confiança uma vez perdida, é quase impossível de ser recuperada na sua totalidade… E não creio, que vá ser excepção comigo.
Mas continuo a ter uma força interior qualquer, irritante e frustrante que não me deixa desistir!
Chama-lhe amor, chama-lhe paixão, chama-lhe o que quiseres... para mim não passa de um sentimento intrínseco, intenso e incomensurável ao qual tu não deste o devido valor.
E que eu, por muito que me esforce, não o consigo não sentir.

sábado, 12 de julho de 2008

Nem menina de ouro nem chão de ninguém


Vasculhei nas ideias, possíveis respostas e arrisquei sem medo de perder.
Deitei a cabeça no mundo das aparências e delas e nelas me transformei.
Usei-as como disfarce, como o meu disfarce, para conseguir aquela resposta que já há tanto procurava, para ter finalmente quase todas as peças deste puzzle, para que o possa, finalmente, completar.
Felizmente acordei, sai da minha caverna, e deixei crescer aquele projecto que tinha de, mais tarde ou mais cedo, ser posto em prática.
Confesso que foi e está a ser difícil ser eu e encontrar-me no meio de tanta ilusão.
Mas tenho força e convicção e sei que sou capaz de também ser bastante utilitarista e pragmática. Assim sendo, é isso que me dá alento para continuar esta luta pelos meus valores humanos, para me salvar da(s) mentira(s), que é(são) na minha opinião, uma das arma mais perigosas do Homem.
Sei tanto mergulhar como erguer a cabeça e ter consciência de mim.
Deixarei de permitir que o epíteto ignorante me continue a ser atribuído. Em vez disso, atribuir-lho-ei eu a quem dele carece.
Hoje acordei e estou decidida(desiludida).
Hoje lutarei por mim e só descansarei quando me vir concretizada e em paz de espírito.
Quero sorrir como dantes e lembrar os velhos tempos como uma boa recordação.
Boas memórias em vão, mas todas elas boas, todas elas cobertas de esperança e os olhos verdes que o meu coração guiou durante todo este tempo.
Contudo, guiou demasiado, e não permitirei que mo faça mais.
Agirei com a capacidade de pensar que tenho, porque assim teve que ser.
Não sou menina de ouro, mas também não sou chão de ninguém.

Eu não queria… nunca quis… Mas tu assim o escolheste…

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Dualidade constrangedora


Dei o dito por não dito e deitei os olhos ao mar...
Ao mar de incertezas fiéis, as quais nunca deixarei escapar.
Procurei nas suas profundezas respostas... respostas para perguntas imperfeitas, que nunca deveriam ter sido feitas.
Quanto mais procurei mais me ilucidei ou iludi.
Quanto mais mergulhei mais me perdi e esqueci.
Quanto mais quis menos encontrei.
Só queria ter certezas...
Aquelas a quem dei liberdade.
Aquelas que, de aparente (in)felicidade, se foram com o tempo desvanecendo...
E pensar que elas já foram uma constante na minha vida e que agora são tão inconstantes.
Pensar que cega fui, ou que cega estou a ser se na verdade, a Verdade se esconde de mim para eu encontrar as minhas respostas por mim, e não com algo que as comprove.
Sinto-me perdida numa confusão onde até este mar se perde, se afoga na sua própria mágoa e rancor, onde procura apenas descansar a sua dor interior e, em vez disso, cada vez mais se transforma, me transforma, e me faz ruir.
Não sei de mim.
Ruí.