segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Ler-me

Decidi arrumar este meu canto. 
Já temos alguns anos juntos. Já é um lugar tão nosso. Meu querido refúgio.
É tão bom ler-te, ler-me, relembrar-me. 
Decidi dar-te atenção e ver quanto cresceste. 
Decidi não te corrigir. Os teus erros fazem de ti etapa do meu crescimento.
Queria abraçar-te, a ti, menina ingénua. Tu que fizeste tanto em mim. E desde inúmeras lágrimas às piores palavras, aqui estamos as duas, ainda a escrever!
Gosto de escrever, tal como tu, para desabafar, para te dizer o que me vai na alma e sempre me recebeste tão bem. Ofereces-me a sensação de alívio que mais ninguém consegue. 
Já não me sinto em todas as tuas palavras pois os sentimentos cresceram, tal como nós. E aposto que quando nos ler no futuro já terei outros dizeres e lições. Outras aprendizagens. Outras mensagens. Serei mais uma em nós.
Talvez a escrita esteja na nossa veia e seja ela a força inata que nos une e define. Seja por poesia ou prosa. Em nós nunca faltarão palavras.

Obrigada a todos os que lêem o blog e que têm acompanhado o meu percurso.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Compensação

Compensação.
Hoje tive a sensação de que nunca passei de uma compensação. De algo que podia ter sido e não foi. De algo que o destino não desenhou. Do indesejável que se não desejou.
Hoje sei que não passo de uma compensação. De algo que pretende ser, mas não é. De algo que mesmo sendo, nunca foi. Hoje sei que não sou quem sou para ti.
O antagonismo das coisas mais certas. As verdades que nem eu ouso saber. 
Hoje sei que para ti nunca fui, nunca cheguei, nunca consegui.
E desde um orgulho forçado, centrado em ti mesmo, aos dizeres icónicos sem sentir.
Nada disso importa se não sentires.
Para que servem as palavras se não as vestes?
Hoje percebi que as semelhanças de algumas palavras representam as nossas maiores distâncias. Os teus maiores amores. As que árvores que realmente dão fruto.
Hoje sei também que a minha compensação existe por meio das palavras em que me refugio. Para tentar ser mais em mim. Para tentar fugir de ti. Para fingir que me acerto sem saber com que linhas me coso.
Hoje sei que a nossa compensação tem prazo de validade há muito tempo e por mais volta e voltas que demos estamos já fora de prazo.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Roubo de Identidade

Hoje em dia é fácil roubarem-nos a nossa identidade, seja porque temos a famosa password do universo "1234", seja porque já há mais hackers que goodies.
A verdade é que a nossa identidade cibernética - ainda por cima a nossa melhor! - é frequentemente roubada, geralmente para causar spam em feeds alheios ou simplesmente para deixar víruzinhos irritantes que já todos conhecemos.
Não vejo, para ser franca, o objectivo de o fazerem, pelo menos com "figuras não públicas", se é que faz algum sentido. De facto, esse roubo é considerado gravíssimo, para algumas pessoas, e até devesse constituir um crime. Exactamente porque nos é roubado o melhor de nós, a personalidade que com tanto esforço e dedicação construímos dia após dia.
A questão da identidade num mundo que depende da sua identidade no ciberespaço é algo estranho e confuso.
Será assim tão alarmante? Até que ponto essa identidade também é a nossa vida, até que essa identidade se funde com a nossa, até que ponto será essa identidade a verdadeira? Talvez por não ser a nossa verdadeira identidade nos é tão importante regá-la para que cresça e floresça, nem sempre na direcção daquilo que nos constitui, mas certamente na do que gostaríamos de constituir.
Por muito que também eu alimente a minha Ciber-Sofia, sei-a imperfeita, tal como nós, nem que seja por ser a parte de mim que não me é nada.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Os Humanos

Querem tudo e não querem nada. Querem o mundo. Querem sonhar. Querem o que não querem, querem fazer de mim um ser insano, demente, deprimente, descartável, mutável.
Contudo a minha mutação só o é se eu o consentir, e eu o não consinto.
Só eu sei que desespero e a minha virtude torna-se escassa e nem roça já o céu da lucidez. Tudo é névoa, tudo é cinzento, tudo é o que não é e esta amálgama de seres que não o são querem corroer-me. Talvez o consigam. Neste mundo de aparências reina aquele que as souber manter. A lei não é a do mais forte, nem tão pouco a da adaptação à mundança (Darwin), mas a de quem consegue ostentar a sua máscara sem levantar suspeitas. Esse e só esse vingará. Esse e só esse é "grande". Grande nos seus padrões insípidos e imorais, objectivando o umbigo deslumbrante e não olhando a meios.
São estes os pequenos e fofos seres que compõem a nossa sociedade. Que se não lhes dê parantesco porque isso nada define, para além das relações de sangue. Para que serve? Para que serve se somos todos iguais? Se bebemos todos do mesmo mal? Se no fim, acabamos corroídos? Para que serve?
Este é o problema. Não importa quem são, mas sim o que são. É aqui que reside a pedra preciosa. Que importa a família se o único exemplo que dá é para não segui-lo?
O que constitui as pessoas hoje em dia? Não sei. Esta dissemelhança que me afasta, arrasta e me fecha, não só me expulsa do meio social como faz de mim alienígena.
O bom é o mau e o mau é o bom. Vingamos pelas más atitudes.
Este é um mundo que não percebo. São pessoas que não percebo. São seres que são aquilo que não são e nada para além deles importa. Até onde vai este umbiguismo?
Que seres são estes que se acham superiores porque pensam?
São superiores porque evoluem tecnologicamente? Porque destroem a natureza? Ou porque destroem a sua própria espécie? Tenho nojo da nossa sociedade, de ser humana. Sinto que não sou nada como essa gente mesquinha. E quanto mais de vós vejo mais me sinto apartada, mais me sinto diferente.

Hoje sei que a minha diferença é exactamente aquilo que vocês nunca serão: realmente humanos.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

O Teu Silêncio

Queria saber dizer-me, mas as palavras insípidas não mo permitem. Saem em caminhos opostos, caminhos antes tão paralelos agora desencontram-se.
Do correcto e do concreto dista o sentido. Não sei já se falar acrescenta valor ou são só mais vocabulários impiedosos que liberto, desacertados, sem nexo nem consistência, soltos, loucos, meus. Não sei mais se mereces pedaços meus.
A importância passou-te ao lado e nem deste conta. Estavas de olhos fechados ou simplesmente não quiseste ver, mas ela não passou por ti a correr. Muito pelo contrário, demorou-se, concretizando em cada passo o tempo de uma vida, só para atrasar o próprio tempo, só para se fazer notar, só para a sentires e tu nem deste por ela. 
O tempo roubou-te a vida e a mim a essência. Éramos qualquer coisa dissociada, diferente, estranha, confusa, nem sei bem o que éramos ou se éramos. Não sei... Sei que os sentimentos esses, eram igualmente picos onde nem todos juntos constituíam algo único.
Honestamente, confesso-te que tenho pena. Tenho pena que os teus olhos não vejam, tenho pena que sejas monocromático, tenho pena que me tenhas mudado para CMYK quando eu era RGB.  
E o tempo que perdemos em ser alguma coisa que nunca fomos, dilacera-me. Foi tempo em que me esqueci e que não me valorizei, foi o tempo que também a mim me cegou e que não me deixou ver.
Preferes não falar e, por muito que me custe, aceito o teu silêncio. É a tua posição, firme e hirta, inderrubável, cercada por facas afiadas não vá eu proferir alguma palavra indesejada.
Que assim o seja se assim o preferes. 
Não quero mais esta guerra, ganhaste.

sábado, 28 de dezembro de 2013

São as Nossas Escolhas Que Nos Definem

São as nossas escolhas que nos definem. Não poderia ser um dito mais acertado. É claro que a nossa personalidade tem muito a dizer de nós, talvez até mais que nós próprios. Contudo, são os caminhos que escolhemos que nos moldam, que nos transformam e que nos dizem quem somos.
Esta minha conclusão provém de um resumo de situações que coleccionei de pessoas que já me foram tão próximas e que, agora, as nossas escolhas diferenciaram-nos de tal modo que nos tornámos irreconhecíveis uns para os outros. Não há mais identificação. Neste sentido, é legítimo que defenda que são as nossas escolhas que ditam a nossa identidade, quem queremos ser. 
Acredito ainda que, são as escolhas mais difíceis que nos tornam melhores pessoas. São contra vontade e, por isso, há um maior empenho. É como lutar contra a nossa personalidade.
É claro que é difícil mudar algo que não gostamos em nós na sua totalidade, mas com vontade, conseguimos amenizar. Eu já o fiz e talvez por isso espere tanto dos outros. A verdade é que nem todos querem escolher esse caminho, de combater algo que não gostamos em nós pois é uma luta muito difícil e sabemos que nunca seremos totais vencedores pois ficará sempre lá um bichinho.
O pensar nas diferenças que me distinguem de quem já me foi tão próximo pôs-me a pensar numa justificação para esse facto porque para mim tudo tem de ter algum sentido. Por agora, é assim que o justifico. Cada um segue o seu caminho, o caminho que o vai definir por aí adiante - o mais importante. Sim, penso que são as nossas escolhas na juventude que definem tudo o resto e quem já foi nosso compincha, vêmo-lo agora como alguém com quem já não temos nada em comum. Porquê? Porque as nossas escolhas geraram experiências diferentes, não comuns, que nos foram apartando e os pequenos fios dissociaram-se, já nem se conhecem.
Conheço-lhes o nome apenas. Aquela pessoa que aparenta ser a pessoa que já me foi tão especial é agora um outro ser que lhe roubou a aparência e o nome, que lhe roubou a vida, a sua identidade. 
O mesmo pensarão de mim. 
Nesta acepção, considero muito acertada esta máxima: são as nossas escolhas que nos definem e, por isso, temos de ser muito cuidadosos porque podem definir o nosso futuro e, por vezes, não se pode mais voltar atrás.

terça-feira, 11 de junho de 2013

O Tempo

Já la vai muito tempo desde a última vez que dediquei tempo ao meu próprio tempo. Talvez tenha sido do pouco tempo que tenho para estar sozinha e pensar.A questão torna-se intemporal e corrobora aquilo que é já sabido como universal, uma verdade presente e constantemente inderrubável.Descobri, não da melhor forma, que não me cabe a mim endireitar o mundo, e por mundo refiro-me aos mundos que estão dentro de cada um. Não me cabe a mim tecê-los consoante a minha vontade apenas porque depreendo que a minha verdade é a mais correcta. Qualquer um pensará o mesmo ou não tomaria as acções que toma, seria um contra-senso e anti-natura. Devo portanto pensar que não posso determinar consoante a minha personalidade a personalidade do outro, não devo talhá-la porque ela no fundo será sempre filha dessa mesma carne que é o meu negativo.Nem sempre aquilo que se nos opõe é o melhor porque os prós e os contras são cartas que acompanharão sempre o baralho e por vezes os antagonismos são o insuportável, o que nos corrói e não o que nos lembra de tentar ser melhor.Sempre vivi nesta ilusão. De que as palavras poderiam encher corações ou trazer novas atitudes que fossem ao encontro do meu querer. A verdade é que nada é perene e, como tal, também não o são nem as palavras nem as atitudes. São apenas um meio para atingir um objectivo durante um determinado período, até as palavras serem outras, até as outras se perderem no tempo.Talvez seja afinal tudo uma questão de tempo. O tempo que devemos a nós próprios para reflectir sobre o que é melhor para nós. Tempo que perdemos em tentar acomodar-nos com o insuportável quando poderíamos enchê-lo com tempo para o que realmente nos faz sentir bem connosco e com os outros.Isto faz-me muito sentido, novamente, porque sempre pensei o contrário. Não sou eu que tenho que mostrar que estou certa quando posso até não estar. Preciso é do suportável conforto que me diga que estou bem assim como estou e todas as palavras insólitas que dizemos por tolice quando sentimos que alguém nos é suportável e não o inverso.