quinta-feira, 12 de abril de 2012

Longe

Queria-te em todos os lugares e mais algum, menos em mim.

Utopias

Queria evadir-me daqui para um lugar verdadeiro. Queria sentir que pertenço. Queria não ser demasiado ingénua, queria não acreditar. Queria ter um coração de pedra. Queria ser sem ser. Queria tornar-me num símbolo de força. Queria ser paz. Queria ser luz. Queria ser o que não consigo ser. Queria não ser o que me tornam. Queria ser querida. Queria ser dona do indizível. Queria não me afogar. Queria ser um barco de resgate e não resgatada. Queria ir sem vir. 
Queria que as minhas utopias fossem concretizáveis.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Por Isso Vem"

Nem toda a claridade é luz porque o claro por vezes é apenas uma pequena impressão que temos da imensidão da escuridão. As suposições nada mais são do que palavras engolidas pelo negro, pelo fundo e perdem-se no Nada.
O sentido deixa de o ser e dá lugar a tudo o que se lhe opõe, transforma-se naquilo que nunca foi. Curioso... poderemos também ser aquilo que não somos? Quiçá as encruzilhadas da vida não nos levam a fazer essa mudança que dissemos tão vigorosamente que nunca as faríamos. O nunca é como o sempre, são opostos que no fundo querem dizer a mesma coisa - não nos utilizes - porque as voltas que damos são mais que muitas e estas palavras nunca (cá está) viverão do seu verdadeiro sentido. São verdadeiras utopias, inconcretizáveis mas sonhadoras, promessas que sabemos que não sabemos realmente se alguma vez se haverão de cumprir, porém, dizêmo-las de qualquer forma. Saem simplesmente, com uma firmeza tal que se crêem como realizadas.
Na realidade o que me aflige são as palavras, são a minha dor, o meu tormento. Porque para mim  estas pequenas verdades são isso mesmo, pequenas verdades. Cabe aos seus utilizadores o seu bom ou mau uso. Aqui entra então o conflito porque por muitas expressões que pensemos, a priori, corresponderem a certas palavras têm compreendidas no seu interior as suas contradições. São as tais palavras que não se ouvem de início e que quando se fazem por ouvir querêmo-las mudas.
Por isso, mais do que qualquer outra coisa é uma dor psicológica que não passa, mantém-se cá para nos relembrar a sua existência.
Ainda vivo na utopia de que nem todo o claro é escuro, de que nem todas as palavras significam na maioria dos casos o seu oposto, de que nem todas as pessoas se refugiam numas por negação a si próprios. Vivem rebeldes com o seu interior, lutando para se encontrarem, para saberem que palavras vestem, para saberem que expressões são transparentes e o que querem passar de si próprios.
Talvez ainda viva também eu muito em rebelião comigo mesma, mas a minha transparência é clara e o meu uso de “pequenas verdades” tem o seu total sentido e não o contrário. Não me refugio em antíteses para esconder o medo. Mais vale admitirmos que a nossa carapaça não é de ferro é igual a todas as outras.  Julgo que seja esta a forma correcta e, por isso, nada mais é do que uma utopia que nem eu consigo sempre fazer jus à mesma. E porquê? Porque o sempre e o nunca são também utopias com as quais cometemos sempre o erro de as proferir e quebrar, atrevo-me a dizer que são promessas que são à partida quebradiças.