domingo, 28 de dezembro de 2008

Adeus


Adeus disse-te eu.
Partilhámos a mesma temperatura nas palavras, fria, senão gelada.
Quero partilhá-la nas locuções porque me magoaram, porque apesar de tudo, sempre te tive em boa conta. Defendi-te quando pude, afinal de contas, não é isso que trata a amizade?
É bom saber que não me lês, para não levares as minhas palavras tristes e pesadas doravante. Não quero que penses nelas, mas nas tuas.
Como é possível mudar tanta coisa num espaço tão curto de tempo?
Amizades que me escapam da mão, momentos que não se apagam nem quero. Não esqueço quem importa, não esqueço os amigos.
Chorar de nada me vale. Só enfatiza o vazio que aqui tenho dentro no lugar que tu conquistaste e que agora não queres reclamar o trono.
Vou ser e tenho de ser forte.
Mas quero fugir. Deixa-me fugir deste mundo doloso que me quer comer. Deste ciclo vicioso que mais parece um torpedo.
Escrevo-te sem que o mereças, mas porque preciso.
Não saio daqui ilesa se sou transgressora, mas o que me incomoda não é a minha dolência, mas o teu lugar desabitado.
A música não me acalma e as minhas letras juntam-se e desunem-se desordenadamente, não cumprem ordens, armam-se rebeldes.
Custa-me tanto vestir um fato alegre quando este me está bem pequeno e não me serve.
Ponho-o de parte, talvez outro dia.

Desabafo

Nem que eu dissesse mil palavras inocentes tu as aceitarias.
E sabes que mais? Também já não tas darei porque se as merecias, não mereces mais.
Não me venhas chamar insensível se não o sou. E por tantas vezes quis tanto ser correcta, mas sou humana, eu também erro!
Também me confundo. Se estas características são raras e tão imperdoáveis assim então não me venhas com pedidos amigáveis porque pensá-los-ei em insinceros.
“Don’t you wait for me”- diz o cantor. Digo-te eu, nunca to pedi. Pedi-te para me deixares pensar.
Se pudesse, se pudesse… disse-to tanta vez, teria sido tudo tudo diferente. E se alguém tivesse que sair magoado, que essa pessoa fosse eu mesma.
Nada do que digas me mudará, sei-o tão bem e tu também o sabes.
As ameaças a mim passam-me ao lado, já não me afectam.
Muda a tua atitude, muda o que quiseres. Não mudaste agora as tuas palavras e são estas que guardarei comigo, no lugar onde tinha reservado um amigo.
Não queres esse lugar especial, também não to dou. Talvez um dia me oiças e me percebas, talvez um dia saibas falar, por muito magoado que estejas não precisava que fosses assim. Ou talvez te tenha subestimado e, agora melhor do que nunca, sei que me decidi pelo melhor.
Então Adeus.

Sonho

Sou-me num sonho. Sou livre, sei-me e conheço-me.
Sei ser-me num sonho.
Corro desimpedida, grito num tom bem audível, salto e quase alcanço aquele azul celeste.
Tudo é clarividente. Não há confusões, sou decidida, tenaz, ninguém consegue controlar esta minha atitude de rebeldia, se assim se lhe pode chamar.
Sou, num sonho, aquilo que não consigo ser na realidade ofegante.
Invejo-me lá, cobiço aquela pessoa Feliz. Porque lá ela o é. Porque é ela mesma, errónea, humana, feliz.
Tem consciência dos seus limites e, tenta ser o seu máximo em tudo. Tenta ser independente e voar sem que os pés possam, sequer, roçar no chão. Sabe de todas estas habilidades e não tem medos ou não os demonstra. Se cai, sabe tão bem levantar-se.
Diz que as lágrimas são para os fracos, embora também elas as reserve.
É tão minha nos sonhos e tão apartada quando me denuncio acordada.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Palavras Soltas


Os dias correm confusos e incógnitos. O vento sopra-me ao ouvido e nada de concreto nem conciso me sabe dizer. Fala mesmo sem o saber fazer.
As tuas palavras promitentes tocam-me como há muito nenhumas faziam. Sabes que fazem parte de ti. Eu vejo-as como o teu tesouro. Ainda que distantes fazem-me sorrir e verter algo por ti que não sabia. Não pensei que tivesses em mim tal efeito, tal sentimento desconhecia.
Que fazer não sei.
Não quero ser apressada, não quero magoar mais do que já magoei.
Quero que qualquer decisão futura seja bem deliberada, quero ser certeza, quero ser prosa e poesia. Quero ser um cântico que tudo sobrevoa, certo e tenaz, com um sorriso contagiante e feliz por em si morar.
Quero poder crescer e ser grande, quero-me engrandecer.
Quero ser tudo e muito mais, tudo o que ainda posso ser.
Mas acima de tudo quero-me conhecer.
Quero ser meu sapiente.
Chama-me.
Quero saber o nome.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Palavras Tristes


Preenchem-me as memórias as palavras tristes.
Invadem-me o corpo sem qualquer insatisfação nem pudor. Sou aquilo que não quero, sou fruto pecador.
Restos de vida abandonados em mim.
Lágrimas secas pela passagem do tempo imundo que me consome a alegria.
Não encontro o que de mim perdi. Procuro no Nada aquilo que não pode ser descoberto. E, no antro da minha insipiência, choro incessantemente enquanto chamo por mim.
Mas não sei já o meu nome, não tenho pelo que chamar. E se as onomatopeias deixam de fazer sentido neste apelo, calo-me e choro.
Choro culposo, choro rancoroso que me lembra daquilo que eu de mim não quero saber.
Quanto mais vivo, mais me iludo e aprendo.
Não sei ser-me.
As lágrimas não acarretam sentimentos de culpa. Estes preferem ficar e evocar-me aquilo que mais me dói.
Quero fugir.
Quero fugir de mim.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Página em Branco


Uma página em branco com tanto por se preencher.
“Com o quê?” – questiono-me. Que pergunta inquietante essa acerca daquilo que será a nossa partilha com o pedaço de papel que se encontra pousado sobre a mesa que roça na minha camisola branca e que se confunde com a minha folha. Permanece quieta, mas parece que me olha de uma forma maldosa com a qual me intimido e tenho medo de arriscar qualquer rabisco pois não pode ser em vão, tem que ser perfeito. Vendo-me imperfeita desencorajo-me. A cobardia sobe-me à cabeça, a minha mão trémula afasta-se devagar e eis que o pincel cai sobre a mesa.
Em simultâneo com o meu acto, a página cã pergunta-me num tom ríspido e brusco:
- “De que foges tu? Daquilo que sou e no que me tornas ou daquilo que temes de ti conhecer? Explora-te. Não sejas pusilânime, fraca, indecisa.”
Não lhe respondo. As suas palavras sábias são cruéis e tão irritantemente acertadas. Quando o medo se instala em nós difícil é de aceitar a Verdade.
Quero conhecer-me, mas receio-me. Receio aquilo que poderei conhecer, mesmo o não sabendo de antemão.
O arriscar parece arrojado. Prefiro esperar. Tudo isto digo para mim mesma, enquanto o solitário papel aguarda a minha decisão impávido e sereno, como que com uma calma olímpica venerável.
De súbito, move-se. O vento frio que se esgueirou malandro da janela mal fechada do meu quarto, fê-lo trocar de posição e este nada pôde fazer a seu favor.
A minha imaginação fértil invadiu-me de boas ideias e incentivou-me a pegar de novo no pincel ofendido. Nervosa, mas confiante, agarrei no meu utensílio, mergulhei-o numa tinta alegre e deixei-o exprimir aquilo que eu, por meio de uma verbalização sensabor, não conseguia.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Sorriso


De formigueiro na barriga as tuas palavras espreitaram de mansinho o meu ouvido e, como num tempo parado, foram tão bem aceites e integradas.
O frio aquecera de repente e sem avisar, o sol escondido mostrou o seu sorriso alegre e a paisagem recôndita numa neblina intensa, revelou-se.
Olhares tímidos entrelaçados tomaram o lugar de locuções sem muito por falar e, com muito mais para evidenciar, contar e sentir, os observantes caminharam fugidos e reencontrados.
Com a companhia do rio que tanto nos comunica, disse por meio de palavras insuficientes o pouco do tudo que te queria dizer. E tu, como tão bom ouvinte que és, mestre da paciência, atendeste ao meu refúgio de afecções. Compreendeste e aceitaste que nem tudo é claro e conciso como queremos, por muita que seja a vontade.
Nem todos os dias o sol invade a janela do nosso quarto, luminoso e ordenador de um Acordar de um sono profundo e arrebatador que nos mergulha num cepticismo atractivo, mas pecador.
Talvez o que fiz não tenha sido o mais correcto, contudo foi o que me pareceu melhor na altura.
Obrigado por teres encontrado o meu sorriso.
"O rio é testemunha do nosso sentimento, das carícias, dos olhares inocentes, carregados de carinho, só ele sabe o que existe entre nós..." Frase com direitos de autor : Fáfá :P

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

“Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal!" Fernando Pessoa

Sinto uma brisa gélida tocar-me o rosto incógnito. Parece que foi ontem que sorria em harmonia com o mundo que o recebia de braços abertos.
As ideias confundem sentimentos que rodam em torno de um eixo qualquer que ainda não encontrou lugar onde assentar.
Tudo gira e me foge.
Tudo magoa.
O sal em mim patente, que já eu o julgava ausente, voltou de novo a atacar.
Resta-me esperar.
Resta-me esperar.
Olho para o mar ondulante. Ondas que vão e voltam, todas iguais, mas todas diferentes. Dizem-me aquilo que já sei. E neste percurso de vaivém que fazem, crescem-me esperanças de que pelo menos uma delas me traga alguma resposta.
Não são cor de esperança, não são sequer azuis, são de um monocromatismo inigualável, são a cor do meu interior vazio.
Não quero mais dizer palavras tão incipientes, tão poucas palavras que não dizem tudo. Por isso, continuo sentada na areia molhada embalada pela canção do mar, pela canção do meu imaginário, aquela que me mantém informada sobre o que quero de mim. A que me conta em uníssono por meio da espuma da onda que rebenta, o porquê daquilo que mais anseio saber, conhecer, experienciar.
Pena nem sempre interpretar os seus conselhos e, cavar buracos nos quais sei sempre tão bem tropeçar.
Por vezes esqueço-me que já não tenho a inocência de criança e que as minhas atitudes magoam.
Apetece-me virar a ampulheta do Cronos ao contrário. Pedir-lha-ei emprestada, o plano soa a perfeição. Perfeição demasiada para ser real.
Queria mudar o tempo, mas não sei o que lhe mudaria. Apenas sei que preferia mil vezes magoar-me a mim do que a alguém tão especial.

sábado, 29 de novembro de 2008

Logos


Quero expressar-me convenientemente, mas faltam-me palavras. Ou melhor, não faltam, estas apenas não transmitem tudo aquilo que eu quero dizer.
Ainda que sejam milhares delas, não são suficientes. Porque “toda a verdade é parcial quando é dita por palavras. Pois falta totalidade, integridade, unidade.”
Deste modo, tudo aquilo que amo, não o posso contar por meio de vocábulos visto que nunca direi tudo. Porque só a palavra amar, não contém todas emoções que sentimos, porque eu não posso amar as palavras, porque são meras palavras. “Não têm dureza ou moleza, não têm cores, não têm arestas, não têm gosto, nada têm senão palavras. Talvez sejam por isso palavras em excesso.” Desta forma, não amo por isso uma pedra, amo o que dela conheço, o que ela me faz sentir, amo-a enquanto objecto em si mesma, nunca enquanto palavra pedra. Por isso, um gesto vale muito mais que mil palavras, um silêncio diz mais que muitas outras tantas e um olhar pode contar inúmeras verdades que nunca conseguiremos transmitir por insípidas palavras.



P.S.: Escrevi este texto porque acabei de ler um livro chamado “Siddhartha” de Hermann Hesse que me marcou imenso. Senti uma grande ligação com este livro do princípio ao fim. Quando o acabei, senti que podia enriquecer os meus textos e avivá-los com pequenos excertos do livro tão bem pensados por este autor. As frases citadas são do livro em questão o qual aconselho vivamente a ler.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Pisadas do Destino


Olhas-me com um olhar distante e de desdém. Desviei o meu olhar e fingi que não te via. Fizeste-me recordar e ter a tentação de me render àquilo que não queria.
Caminho com passos incertos e pesados sobre uma calçada infame que teima em me dificultar a passagem até onde quero chegar. Até onde eu não sei. Até onde eu me esqueci de mim.
Procuro com ansiedade o meu rosto que me repudiou. Caminho desnorteada sem ele. Procuro-o. Inicio o meu chamamento vão e precário que me une a um nada intemporal no qual me encontro. No qual me encontro com parte de mim.
Sinto que o meu percurso é um fardo penoso o qual não sei se sou capaz de albergar. Sinto-me cansada e incapaz de qualquer coisa. Incapaz de pisar as pisadas que me estão predestinadas, que me evocam constantemente sem aparentarem qualquer cansaço. Chamam por mim incessantemente.
Finjo que não as oiço e fico estagnada no pedaço de pergaminho onde a partir de memórias e palavras esquecidas se compõe o meu passado e presente.
O Futuro continua por se escrever. Não quero pisar esse tempo não tão próximo como o queria, temo-o.
Quero esquecer que não fui totalmente feliz. Quero esquecer-me o quanto me magoei e não me deixas! Obrigas-me a estar parada, sozinha no meio da multidão, do povo de crianças do qual faço parte, tremendo de frio com este vento incerto anunciador de Inverno frígido que me gela a pele das mãos gretadas. Sinto gelar-me o corpo. Sinto gelar-me a alma. Falo por meio de nuvens de fumo inaudíveis e não me solto nem me movo. Encontro-me presa ao presente conjuntamente com um passado que me retém como sua prisioneira. Não me deixa escrever o tanto que tenho por viver. O meu mundo do Logos é o meu refúgio, é tudo aquilo que me contém na totalidade, aquilo que me faz sentir inteira, aquilo que me faz pensar e recordar, rever e antever tudo aquilo que guardado ficou, tudo o que me diz quem sou.
Não me oiças a mim porque falo daquilo que também não sei, ouve antes a voz que há em ti, que em ti vive, ouve o rio que te corre nas veias. Pois também tu terás o pergaminho que te pertence para nele escreveres o teu fado.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Pinta-me


Pinta-me o rosto, agora alegre, num tom suave e claro. Quero evidenciar a felicidade em mim agora patente, agora não fictícia, agora não ausente.
Reflecte em mim o brilho que há muito se encontrava escondido por entre bosques nunca antes penetrados. Densas florestas cercadas de medos e pavores que todos temem.
Quero um quadro que me auto-defina. E quero-o bem feito. Que seja a guache, aguarela, acrílico ou óleo. Que seja feito com variedade de métodos e de materiais, mas que seja teu e que te identifique.
Que seja uma pintura não material, porque os sentimentos vão para além das palavras, transcendem-nas, transcendem-nos. As palavras são concretas e o mundo introspectivo sensacional não.
Portanto, pinta-me no teu pensar. Com as palavras insuficientes que quiseres, com as recordações que tiveres, mas relembra a minha pintura na tua imaginação ainda fértil, ainda com tanto que progredir, ainda com tanto para aprender e ensinar. Tal e qual a minha, com o retrato que te pintei…

sábado, 15 de novembro de 2008

Muros


Falo por entre muros que me viram as costas. Já nem eles me querem ouvir.
O expressar tornou-se algo pessoal e impossível de comentar seja com quem for.
Abrir a boca… só se for a do inferno porque a minha mais vale estar selada.
E vai daí... sele-se também o coração para não arcar com qualquer parvoeira que me faça deprimir.
Que se me troque esta cabeça que tem graves problemas funcionais pois nada do que me comanda merece realmente a pena fazer.
Preciso de ar, de respirar um ar que não este, poluído de palavras incipientes… Preciso de organizar as ideias e colocar todos os pontos nos is.
Continuo a papaguear tudo o que me vai na alma e tudo permanece indiferente. Até eu já me fartei de me ouvir, de me compreender.
Talvez o melhor seja mesmo a evasão. Só queria saber para onde e como…E o que apenas sei é fazer de mim uma pessoa triste. Tenho um problema nas minhas funções cerebrais. Talvez o melhor mesmo seria mesmo um tratamento exaustivo acerca do que se deve ou não fazer, para ver se apreendo duma vez por todas a não me auto-mutilar !!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Asas Para Voar


Dá-me asas para voar.
Para ser mais que os pássaros que rasgam o céu.
Quero ser uma nuvem com formas estranhas para rirmos ao mirarmos o céu azul e infinito. Com a sua cor tão bem definida e impossível de retratar.
Diz um outro nome meu. Inventa-o.
Recria-me. Quero fugir.
Quero estar e sentir-me noutro lugar porque neste já não me sinto há muito tempo.
Elevei os pés da terra, agora só preciso do par de asas que me resta para ser num outro lugar.
Espera-me o desconhecido. E tenho esta necessidade fortíssima e arrebatadora de me ausentar. Só me apetece apagar da minha memória grandes momentos. Esquecer-me de quem fui e sou. Um erro, se calhar. Todavia, neste momento em nada mais quero pensar.
Estar aqui presente ou não estar é simplesmente o mesmo.
Diz-me que eu vou.
Mente-me com todos os dentes que transportas na boca.
Mais uma vez sonho e nada se concretiza. Vou deixar de sonhar para não me iludir.
Vou agarrar-me com unhas e dentes à realidade que magoa e vou ser triste como todos os outros
...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Devolve-me quem eu era


Fecho os olhos e deixo as lágrimas corajosas invadirem-me o rosto.
Não há forças que me restem. Tudo me leva, tudo me consome. Estou sozinha e entregue à minha sentença. Tenho aquilo que mereço. A confusão na qual me meti e agora imploram-me para aguentar o que não consigo.
Não adianta sorrir se não tenho sorriso para mostrar.
Quero ser quem perdi.
Encontrar-me no vácuo e falar sem que a minha voz ecoe no nada que não me responde.
Sinto cada lágrima como se fosse a última. Como é possível fazer um mar de mim por uma só pessoa?
Quando me apareceste eras tão diferente. Tão receptor dos meus sentimentos e recíproco.
Perguntas como é que isto nos aconteceu e apontas-me o dedo quando por muita coisa que eu tenha sido, tu foste muito pior! Fizeste-me coisas impensáveis e imperdoáveis que eu nunca te faria, mas que te perdoei.
Olha para ti. Um homem feito com tão pouca cabeça. Demasiado confiante daquilo que não é.
Não queres saber de como me sinto. Falas como se eu fosse forte, mas eu por muito que queira, já não o consigo ser.
Sou nada. Vagueio por um lado qualquer que não me interessa porque não me sinto nele.
Estas emoções tão condoídas já não me deveriam pertencer.
Olho para o céu infinito e quero nele morar, longe desta terra pecadora que piso!
QUERO!
QUERO SER GRANDE!
QUERO SER LONGE DAQUI!
Pertencer a lugar nenhum, onde ninguém eu conheça e que ninguém saiba nem queira saber de mim. Onde puderei ser eu sem pudor nem receios.

Devolve-me quem eu era.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

'And It Feels Like Tonight, I Can't Believe I'm Broken Inside'




Não sei como é que depois de todas as águas passadas, a tua presença infame ainda me incomoda tanto.
Vagueia para outro sítio e deixa este meu luarzinho no meio da floresta que me retém salvaguardada.
As tuas armas falíveis e corruptas não me conseguem daqui atingir. Todas as tuas tentativas serão falhadas. Desiste. Cessa como já o fizeste. Dá pelo menos uma vez na vida parte fraca e admite o erro.
Eu admito os meus. Com eles far-me-ei mais forte, e não me vou deixar cair noutra teia esburacada feita por um aranhiço qualquer em fase de decomposição.
Quero redimir-me de todos os meus equívocos e, principalmente, de ti.
Tu que me transformaste em quem não sei e, que levaste o melhor de mim sem o saberes aproveitar. Deitaste tudo de mim ao mar.
E agora deito eu momentos, sentimentos, lembranças, palavras, gestos um tanto ou quanto não sentidos. Quero libertar-me de ti e de tudo o que me fizeste ser.
Quero saber ser-me de novo. Sem medos, sem limites de expressões, tempo ou espaço.
Quero livrar-me deste sentimento de culpa que me detém como sua prisioneira.
Quero passar pelas grades que a ti me prendem e seguir na direcção da luz.
Quero reencontrar-me.
Vou reencontrar-me.
Nada do que faças me roubará a vontade inabalável que tenho de me libertar.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Do Alto Precipício


Saltei. Atirei-me do mais alto precipício.
Fechei os olhos, abri os braços e deixei que o vento me levasse para longe da terra firme.
Senti o meu corpo gelar ao entrar em contacto com a água lacrimosamente salgada.
Da cabeça aos pés não me senti. Mergulhada no Nada que nada era, quis apenas estar comigo, sozinha, para poder estar com os outros.
Estar comigo um tempo, no profundo oceano que tantas vezes procuro e me é distante. Quase me foge. Menos hoje. Hoje estava lá, ondulante e com um olhar incerto, receptor da minha dolência.
Enrolou-me na sua maior onda e ali fiquei estarrecida, revelando-me.
O problema nunca são os sonhos que imaginamos, mas sim o acordar. Acordar para ver a luz, para ganhar uma força que nos transcende, que em nós irradia, mas que não a podemos ver nem da sua existência saber.
E no fundo do alto mar, procuro o meu tesouro de pirata bem fechado como se espera. Todavia, mais do que procuro esse tesouro, procuro a única chave que abre tal delicada fechadura. A sua forma é tão simplesmente condoída e intrínseca e assume-se como minha procurada. Não sei ao certo o que procuro. Germina em mim a dúvida acerca de todas as coisas. As dúvidas do meu cepticismo inderrubável. Este não possui qualquer tipo de chave ou abertura para se assumir como Verdade absoluta.

domingo, 26 de outubro de 2008

Canta-me


Será que ainda cantas a mesma canção com o mesmo embale que lhe deste?
Aquele que só tu cantavas com aquela diferença. Por ser teu. Por ser tua a voz que ouvia e mais nenhuma.
A tua linguagem que sempre usaste para comigo… Tão nua de preconceito, tão despida de crueldade, tão transparente de índole.
Queria ser livre de expressões, livre na escolha dos vocábulos. Olhar para o céu sem ressentimentos nem remorsos, sem lembranças penosas. Expelir o que interiormente me acusa e libertar-me dos meus medos. Recuperar a felicidade que deixei caída no tempo inarrável.
Poderia ser quem tu és, mas não sou fria. Sou sensível, condoída, susceptível a um choro interminável, salteador da vontade de sorrir.
Sou quem sou e o que sou, como me fui e me vou traçando por entre estradas falíveis e deterioradas às quais ninguém pode fugir.
Corrupto.
É o que tu és. Por me arruinares sentimentos, sem saberes ao certo orientar os teus actos, as tuas palavras, as tuas orações mal formadas, a tua linguagem tão incipiente e fúnebre. Prometedora, mas mentirosa. Sobretudo mentirosa, dolosa, vergonhosa.
Atitudes que não te deveriam pertencer.
Engrandece-te.
Falamos depois.
Cantamos a nossa canção numa outra data, tal como me fizeste, quando em ti ainda imperava a vontade.
Vontade de amar.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Ego na multidão


Fui tentar-me no alto de mim
Quis ser quem não sei
Medo de ser mais que eu talvez
Medo de ser alguém.

Fui falar-me às vozes ouvintes
Procurei nelas respostas ansiadas
Refugiei-me na minha angústia
Das aventuras passadas.

Fui ver-me ao Passado
Tão esquecido como de nome é
Não me veio a mim a montanha
Quero ser como Maomé.

Fui a identidade que perdi
Sou o nome que abandonei
Letras soltas sem sentido
Não tenho sequer apelido
De onde virei não sei.

Fui ser e não soube
Quis acreditar em mim inutilmente
Sou tudo aquilo que desconheçoDizem-me que até sou gente.

Fui e sou parte da multidão
Que todos vêem, mas que ninguém repara
Sou tão visível como os outros
E tão insignificantemente rara.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Quero esquecer-me de ti


Levanto-me do sofá corroído pelo tempo infame e procuro o meu reflexo.
Perco-me nessa observação e vou para além do olhar. Perco a noção do tempo e vagueio para outras vivências antigas que teimam em magoar-me, como se a competir estivessem.
Percorrem-me o pensamento destemidas e tenazes lembrando-me da solidão em que me encontro. Lembrando-me do meu sorriso que, nesta altura tão importante, me foi sequestrado.
Queria-lo de volta. Mas pedi-lo é demasiado porque até agora não obtive nenhuma resposta ao meu tão desejado requerimento.
Sou messiânica. Inexplicavelmente é a única explicação para ansiar tudo aquilo que não virá, tudo aquilo que não poderei recuperar.
Tenho mais do que vontade de chorar e mais do que razões para o
fazer. Todavia, tenho também um estranho e irreconhecível sentimento que não quer revelar o meu estado interior.
Sinto tanto a tua falta. E o péssimo é saber que não a deveria sentir e não conseguir.
Talvez a morte ao coração não seja assim tão violenta como soa a palavra e, quiçá, até acabaria com este meu desgosto.
Disseste que me amavas com uma voz tão inocente à qual nem os que assim são conotados se atreveriam a fazer frente. E nem o fizeram.
Ver-te, imaginar-te, saber de ti, conhecer-te só me fere mais. Preferia esquecer-me de ti.
E se me esquecesse, conseguiria não voltar a cair neste horrendo erro de amar?
Espero “messianicamente” que não, mas sei conscientemente que sim.
Parece que quanto mais vivo mais me iludo em palavras que tomo, à partida, como mentirosas, ignorando-lhes o rótulo.
Procuro em ti a pessoa que em ti morreu e que em mim vive. Solta, livre, leve. É como ar que respiro, não lhe importa a limitação do tempo, nem de nada. Vive porque lhe dou o que necessita para tal.
Estimulo-lhe a essência sem obter qualquer retorno.
Quem procuro querer não existe, fez-se por existir enquanto pôde, enquanto quis. E eu, apelando fortemente à minha ignorância mais profunda acenei com a cabeça, como se de uma infantilidade se tratasse. E tratava-se, mas não quis ver isso.
“Cada um faz a cama onde se deita”. Eu apenas fiz a minha. Agora? Agora deito-me dela.
Abandono o meu triste reflexo que nada de bom me traz e reconforto-me no leito dos problemas, visto que é o único que ainda me aceita para nele me recolher.
Insulta-me todas as noites. E todas as noites esses insultos impetuosos eu mereço.
Doem. Mas dói mais pensar em ti.
Pensar no que por ti sinto.

Vou fingir que te esqueci.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Longe de Mim


Parada no tempo,
Perco-me no meu pensamento,
Revivo-me com a minha memória,
Que outrora me trouxe tanta glória,
E que tanta glória eu não sabia que teve esse mesmo momento.



Vou escrevendo,
Não vou mentindo, mas sim sentindo,
Sentindo tudo aquilo que escrevo,
Tudo aquilo que me faz ser o rochedo,
Que, imóvel e inderrubável, vai envelhecendo.



Relembro as ditas palavras,
Que no meu percurso as fiz de escravas,
Ouvindo ao longe as vozes de um outrém,
Que ainda hoje ele as tem,
Mas que, arrependido, as guarda.



E caminho na rua discretamente,
Cabisbaixa e com uma tristeza envolvente,
Não oiço música, não me sinto,
Não faço nada, nem me desminto,
Deixo-me ser invalidada solenemente.



Numa noite não premeditada,
Em que tudo foi puro acaso, mas parecia já combinada,
Fenómenos estranhos sucederam-se,
E tantos outros envolveram-se,
Que me senti e sinto revoltada !



Não sei bem que pensar,
Não sei ter os pés na terra, nem no mar,
E nem no ar que não tem forma,
Não sei bem no que é que isto me torna,
Não sei bem o que pensar.



E nisto me debruço ao ir embora,
Com muita pressa e sem demora,
Apresso o passo e não apresso,
Sei que existo, mas logo me esqueço,
Quero apenas encontrar a solução que desejo há horas.



Anseio por ela, desejo-a,
E invejo-a e cobiço-a
Argh! As máquinas malditas que destróem ou constróem a cidade,
Destróem-me ou não me destróem toda esta cumplicidade
De pensamentos que me não encontram a solução,
E que me fazem por isso, tentar falsificá-la.



Sigo em frente para o desconhecido,
Sigo para o que longe está de mim.
Percepciono o discreto,
E tento interpretar tudo o que não é concreto,
Tudo aquilo que baterá certo no fim...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Apresenta-te


Parece que foi ontem que acordei e me deparei com a vida. Sem nada me dizer, foi-se-me apresentando tal como queria e podia. E eu, encarecida com tal apressada chegada, deixei-a assentar neste beco de rua.
Poderia qualquer um reclamar que não passa de um grande exagero quando alego que nunca me tinha dado conta do quão arrebatadora e destruidora ela é, mesmo quando se aproxima de mansinho.
Queria eu crer em tal impossibilidade como essa! Logo agora, em que cada dia, experiêncio algo de novo, que não pensava superar. Superei-me. Sim, talvez. Ou talvez fosse apenas uma força interior mais profunda que ainda não tinha tido oportunidade de se revelar.
Penso que todos a temos. Temos é que a saber utilizar.
A verdade é que não sei bem se estou realmente a fazê-lo, visto que olho em volta e não tenho em quem acreditar. Nem em Deus. Talvez na Natureza e na sua força imensa e muito superior à do Homem, por muito que este não o queira admitir.
O acreditar em algo ou em alguém tornou-se um caminho traidor e perigoso, onde o sigilo nunca teve lugar afinal.
Se acreditasse em Deus, acreditaria também que existem algumas forças malignas e creria que a vida tem uma ligação muito próxima e semelhante com a morte. Ambas chegam sem qualquer tipo de aviso, e fazem de nós o que querem. Idiotas são aqueles que defendem que não é o Homem o principal culpado da sua própria extinção, mas as tais forças malignas ou as suas más acções foram o que o condenaram. Para além de que, muitos vivem uma vida repleta de limitações devido a essas crenças.
Nada tenho contra essas pessoas. Aliás, sempre é melhor acreditar em algo do que em nada. Porque isso dá-nos alento para viver. Embora não faça muito sentido, a meu ver.
Uma vez ouvi um conhecido dizer que o avanço científico e tecnológico era algo bastante negativo porque faz com que as pessoas deixem cada vez mais de crer num Deus Todo-Poderoso. Ou seja, estamos então a encarar o conhecimento como algo que não devia ser adquirido para que possamos fechar os olhos à Verdade. Parece que o que é certo é ser-se ignorante. Porque em contrapartida acreditamos num Deus omnisciente e omnipotente que nos ampara todas as quedas de acordo com as "regras" pré-estabelecidadas que alguém iluminado fez. Quem não se reger pelas mesmas terá uma punição. Penso que isto funciona mais ou menos como uma espécie de prisão espiritual.
Quero com tudo isto dizer, que sou panteísta exclusivamente. E nada mais.
Quanto à questão da confiança que já referi inicialmente, tenho a dizer que se calhar nem em mim confio. Talvez por não saber as voltas que a vida dá enquanto se acomoda no meu sofá novo da sala. Não sei. Tenho tido uma atitude céptica em relação a isto, mas espero francamente superá-la, talvez com a tal força intrínseca que sei que em mim existe e da qual talvez esteja a usufruir de momento.
Porque no meio da multidão apressada, procuro um lugar para mim.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

“Felling Empty”


Puxaram a corda que me segurava e, deixaram-me caída num chão longínquo que não conheço.
Fui tudo sou nada.
Quero chorar e confessar-me, quero ser ouvida pelas vozes que só na minha mente guardo.
Oiço o barulho ensurdecedor que as gotas de chuva produzem quando entram em contacto com o mesmo chão onde me vejo sentada. Sozinha no silêncio, falo e só a mim me oiço.
Oiço o meu nome na chuva e não lhe respondo.
Perdi a minha identidade pois perdi o meu rumo e, até, o caminho de casa. Não quero regressar, nem sei já fazê-lo, nem sequer as minhas pessoas de outrora querem que o faça.
Estou sozinha e presa à minha infelicidade.
– Que se me mostre uma luz! – Grito.
A minha voz ecoa entretida por entre as paredes caiadas que me cercam. Tudo permanece indiferente como dantes.
A chuva teima em não parar nem me alegrar ou tentar. E, por isso, alheia à minha dor, continua a cair e a fazer propositadamente um ruído cada vez maior, só para acentuar o silêncio.
Não choro. Não tenho forças nem nada mais para chorar. Não quero dar parte fraca e sofredora a esse mundo que jamais me pertencera.
Tento levantar-me, mas caio logo de seguida, como se tivesse sido puxada pelo chão para ele. Deito-me e fecho os olhos. Tento dormir e não pensar. Mas sonho acordada e, por muito que me tente desfazer do sonho, ele persegue-me e magoa-me mais, por me fazer relembrar o quão só estou.
Crio monólogos, mas logo me farto.
De repente, levanto-me e começo a fazer barulho. Bato palmas, falo alto, tento ser mais que a chuva maldita e nem isso consigo!
Sinto-me frustrada e frustradamente sozinha!
Sento-me de novo e rendo-me ao meu nobre silêncio, enquanto faço a chuva sentir-se vitoriosa e apoderar-se de tudo o que de mim resta.
Ao menos ela tem a decência de se incomodar com a minha presença e existência.


Falem


Falem.
Falem coisas boas ou más, mas falem.
Falem de mim que eu falarei de vós.
Desabafem toda a vossa angústia em cochichos que não vos levarão a lugar algum senão a um breve esquecimento da vossa triste vida.
Por isso, avante com todos os apologistas da arte de bem coscuvilhar, enquanto me tento abstrair de tudo isso e, resguardar-me dos vossos sorrisos insinceros.
Falem à vossa mercê, que eu falarei também.
Palavras vossas ditas e malditas que uma só vez me ferem. Daqueles que nada a mim me são. Ou até mesmo daqueles que comigo estão. Serão flechas com pontas aguçadas que não encontrarão mais o seu alvo para abater. Percorrerão mundos sem fim até caírem, finalmente, no esquecimento.
Perante isto, falo. Falo da minha indiferença aos vossos verbos em orações já sem sentido, às vossas construções frásicas sem ponta por onde se lhes pegue.
Sinto-me bem. Não feliz, bem.
Sou conhecida e descrita por variadas bocas, bem ou mal… não interessa. Sou-o ponto.
Ao menos sei para que olhos olho apenas e não vejo. Ao menos vou acrescentando à minha lista de desilusões os defensores da mentira, aqueles que sem ela não são capazes de viver.
Gente sem objectivos de vida, movidos por interesse. Mais tarde ou mais cedo, caçam-nos. ”A Mentira dá a volta ao mundo sem que a Verdade tenha tempo de se vestir”, mas a mentira acaba sempre por se voltar contra o mentiroso, e é nessa altura que ele pede ajuda ao mundo que lhe vira agora as costas.
Por tudo isto, minha gente, falem!
Falem coisas boas ou más, mas falem!
Falem de mim que eu falarei de vós!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Não durmo à noite




Não durmo à noite.
E cada vez que olho para aquele céu distante e tão estrelado, esqueço-me de mim e talvez nessa imensidão tente afogar as saudades que tenho de ti.
Por cada vez que escrevo tão decidida, já não sei que decisão tomei...
Não sei quem sou, não sei nem de mim nem de ninguém.
Perguntei àquela estrela, àquele cometa, àquele ponto luminoso que me prendia o olhar, por mim e por ti.
Mas não obtive resposta. Ainda assim, todas as noites que não durmo, sento-me no parapeito da janela a observá-la.
Todas as noites lhe faço a mesma pergunta e todas as noites espero pela aquela resposta um tanto ou quanto messiânica.
Eu queria poder fechar os olhos e ter um sono descansada como há já algum tempo anseio, mas não consigo deixar de pensar.
Queria tanto saber se tomo ou não as decisões correctas...
Queria só desta vez fazer aquilo que está certo e conseguir.
O não fracassar que tantas vezes deixo esgueirar-se...
Talvez aquela estrela, que todas as noites me tem feito companhia, esteja ali para algo mais que isso, talvez ela acredite em mim, talvez ela acredite que consigo libertar-me dos meus medos.
Já tive tantas provas de que tudo tem o seu fim.
E o adiar o fim só torna esse tempo infernal, indesejável e, até insuportável como tem acontecido.
Não me quero sentir culpada se acho que não tenho culpa e se não me quero mudar porque se me mudasse teria de me refazer completamente.
Se estes comportamentos são tipicamente meus, quem os não aceita, não me aceita.
Mudar-me? Mudar o meu nome?
Não! Não o faço por ninguém!
Posso andar sozinha, mas como bem manda um velho provérbio “mais vale sozinha, que mal acompanhada”…
Nunca gostei de mentiras, gostei sim de apanhar mentirosos.
Não preciso que me mintam nem que me façam favores de companhia.
Talvez todo este tempo por ti me tenha afastado dos outros…
Um erro sem dúvida que, pelo o facto de ouvir mais o coração que pensar com os pés assentes na terra, me tenha deixado levar por sentimentos que infantilmente julguei eternos.
E agora que me tento libertar de toda esta confusão em que eu mesma me inseri, não sou capaz, porque sinto!
Porque eu sinto!

E tu, depois de me fazeres, pela primeira vez, ter sentido tudo isto, alguma vez por mim o mesmo sentiste?

domingo, 13 de julho de 2008

Perdoei


Dizem ‘que errar é humano e perdoar é divino’
E então perdoei. Nem sei explicar como, nem sei explicar bem o porquê, sei apenas dizer que não queria abandonar toda a felicidade que eu até aí tinha construído com aquela pessoa…
Não conseguia! Não conseguia sentir despreocupação da outra parte, como se amor, se o houve, foi efémero… Ainda assim, por mais estúpido que seja, não consegui dizer não ao querer talvez não tão supremo como quis do sim.
Queria eu mandar no coração, como antes tantas vezes o fazia.
Mas não… tinhas de me mudar! Tinhas de fazer de mim tua eterna súbdita, aquela que vai querer sempre lutar por ti!
Não me arrependo da minha escolha. Contudo, penso e sei, no fundo, que não foi nem de perto nem de longe, a mais acertada.
Depois de todos os dar a mão, depois de todas as palavras sentidas e tuas um tanto não sentidas, depois de saber o que quero de ti e o que quero que para mim sejas, não esperava uma desilusão destas. Porque de ti, principalmente de ti, não a esperava…
Agora de que vale iludir-me e dizer que tudo ficará como dantes, se sei que nunca ficará.
Sei que a confiança uma vez perdida, é quase impossível de ser recuperada na sua totalidade… E não creio, que vá ser excepção comigo.
Mas continuo a ter uma força interior qualquer, irritante e frustrante que não me deixa desistir!
Chama-lhe amor, chama-lhe paixão, chama-lhe o que quiseres... para mim não passa de um sentimento intrínseco, intenso e incomensurável ao qual tu não deste o devido valor.
E que eu, por muito que me esforce, não o consigo não sentir.

sábado, 12 de julho de 2008

Nem menina de ouro nem chão de ninguém


Vasculhei nas ideias, possíveis respostas e arrisquei sem medo de perder.
Deitei a cabeça no mundo das aparências e delas e nelas me transformei.
Usei-as como disfarce, como o meu disfarce, para conseguir aquela resposta que já há tanto procurava, para ter finalmente quase todas as peças deste puzzle, para que o possa, finalmente, completar.
Felizmente acordei, sai da minha caverna, e deixei crescer aquele projecto que tinha de, mais tarde ou mais cedo, ser posto em prática.
Confesso que foi e está a ser difícil ser eu e encontrar-me no meio de tanta ilusão.
Mas tenho força e convicção e sei que sou capaz de também ser bastante utilitarista e pragmática. Assim sendo, é isso que me dá alento para continuar esta luta pelos meus valores humanos, para me salvar da(s) mentira(s), que é(são) na minha opinião, uma das arma mais perigosas do Homem.
Sei tanto mergulhar como erguer a cabeça e ter consciência de mim.
Deixarei de permitir que o epíteto ignorante me continue a ser atribuído. Em vez disso, atribuir-lho-ei eu a quem dele carece.
Hoje acordei e estou decidida(desiludida).
Hoje lutarei por mim e só descansarei quando me vir concretizada e em paz de espírito.
Quero sorrir como dantes e lembrar os velhos tempos como uma boa recordação.
Boas memórias em vão, mas todas elas boas, todas elas cobertas de esperança e os olhos verdes que o meu coração guiou durante todo este tempo.
Contudo, guiou demasiado, e não permitirei que mo faça mais.
Agirei com a capacidade de pensar que tenho, porque assim teve que ser.
Não sou menina de ouro, mas também não sou chão de ninguém.

Eu não queria… nunca quis… Mas tu assim o escolheste…

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Dualidade constrangedora


Dei o dito por não dito e deitei os olhos ao mar...
Ao mar de incertezas fiéis, as quais nunca deixarei escapar.
Procurei nas suas profundezas respostas... respostas para perguntas imperfeitas, que nunca deveriam ter sido feitas.
Quanto mais procurei mais me ilucidei ou iludi.
Quanto mais mergulhei mais me perdi e esqueci.
Quanto mais quis menos encontrei.
Só queria ter certezas...
Aquelas a quem dei liberdade.
Aquelas que, de aparente (in)felicidade, se foram com o tempo desvanecendo...
E pensar que elas já foram uma constante na minha vida e que agora são tão inconstantes.
Pensar que cega fui, ou que cega estou a ser se na verdade, a Verdade se esconde de mim para eu encontrar as minhas respostas por mim, e não com algo que as comprove.
Sinto-me perdida numa confusão onde até este mar se perde, se afoga na sua própria mágoa e rancor, onde procura apenas descansar a sua dor interior e, em vez disso, cada vez mais se transforma, me transforma, e me faz ruir.
Não sei de mim.
Ruí.






sábado, 24 de maio de 2008

Congelei o meu sorriso

E finalmente falei.
Disse tudo o que já nem sabia que tinha pensado. Senti-me bem comigo mesma, decidi mudar o errado de mim. Concordei controlar-me, concordei dominar-me, e a afirmar quem sou, tendo em conta a outra pessoa.
E é verdade, fi-lo mesmo, numa altura em que, apesar de a esperança ser uma constante e de dela não me conseguir desfazer, sabia que não podia mais acreditar nas palavras desejáveis que me vendia e que eu tanto queria ouvir, pensar, sentir, imaginar o impossível.
Soube conter-me, talvez não completamente, mas soube não ser tão negativa como até então tinha feito.
Acontece que tudo o que falei, disse, discuti, tudo o que senti, me magoou, te magoou, nos entristeceu, e me roubou todas as expectativas que tinha acerca de um eventual nós, deve ter-te “entrado a cem e saído a duzentos”, como bem manda um ditado popular.
Porque nem me deste tempo para me adaptar à minha mudança, e à tua supostamente, que nem reparei se realmente houve. O certo é que estou aqui, de novo, escrevendo como desabafo para evitar as lágrimas que ultimamente me têm cegado.
Depois de tudo o que se passou, continuas o mesmo. Ou melhor, não continuas, estás apenas diferente comigo, para pior.
Não sei quanto tempo mais aguento essa tua alteração na tua personalidade, ou então esse teu carácter áspero e de indiferença para comigo que desconhecia.
Pedir-te de volta é pedir de mais.
Peço antes que sejas feliz como queres, não me peças é para partilharmos essa felicidade, se não a tenho. Não me peças, nem me ofereças em palavras aquilo que eu mais anseio, não me faças mergulhar no mar de ilusão dos meus próprios desejos.


terça-feira, 20 de maio de 2008

Se alguém perguntar por mim, digam que virei costas ao mundo


Por tantas vezes que me quis expressar e conter para não chorar.
Por tantas vezes que julguei ter forte tudo que há em mim.
Por tantas vezes me enganei.
Foram vezes sem conta que eu agi irracional, absoluta e unicamente com os sentidos, deixando-os controlarem-me todos os meus gestos soltos e, diria até, sem sentido.
Pensamentos que foram, irreversivelmente, dominados por sensações que continuo a ter presentes e que me deixam contrita por dizer o que não era.
Sinto nostalgia até do simples agarrar da tua mão quente na minha mão gélida, que se tentava esconder do frio do mundo no teu calor interior.
Por tantas vez que sonhei e me iludi!
Por tantas vezes que sofri e nunca, mas nunca aprendi, a não cometer o erro de amar!
Talvez mereça todos os lugares, menos este!
E que a mais alta penitência me fosse a mim concedida, por ser tão consumidora de pecados para mim mesma!
Por tantas vezes quis matar a minha essência e ela me impediu!
Por tantas vezes que fugi de mim!
Por tantas mentiras não sentidas, por tantas palavras sinceras escondidas, por tanta coisa que não disse e que nem vou falar!
Por cada batimento do coração que já se cansa de o fazer...
Por cada segundo que, sem me aperceber, passa...
Por cada derramar de seiva minha que outros se vão alimentando e crescendo e sabendo e aprendendo a magoar, a desiludir, a matar emoções intrínsecas e genuínas, com corações feitos em pedra!
Por tantas vezes que olhei os teus olhos e me vi feliz.
Por tantas vezes que te desejei… antes tivessem essas vontades cessado de vez! E talvez assim, tudo se tornasse clarividente!
Só queria falar e por tantas vezes ser ouvida e compreendida.
Só queria que, desta vez, as saudades de te ver te fizessem abrir os olhos e não que te transformassem num ser insensível que vive, ainda, da sede da minha dor.
Há uns sonham com cavalos de madeira, fortes como o de Tróia, eu sonho em um dia fazer parte da tua vida, parte de ti.
E este é o meu grande sonho utópico.



quinta-feira, 15 de maio de 2008

Luto


Vesti luto.
O negro que há tanto tempo me apaziguava de tão tenebroso que era, assenta-me agora que nem uma luva. As coisas que me eram tão próximas são-me agora tão distantes.
Estou de luto.
Estou de luto para com a vida que se esqueceu de mim, e já nem forças tenho para não fraquejar.
Sinto-me fraca, estou fraca e sei que fui forte.
Sinto agora a chuva a bater-se-me no rosto e a confundir-se com a lágrima que estimula este meu estado espírito. Sonho com um vencer que é tanto ou ainda menos possível que o alcançar do horizonte. Desiludo-me, fico incapacitada de compreender, de ouvir, de falar, de reagir… E refugio-me no negro da alma.
Que importa quanta gente me rodeia se sinto que a mim ninguém vê, nem sente ou ouve?
Que importa falar se me cozeram a boca com pedaços de linha incolor encontrados nos confins do submundo?
De que me serve uma nova atitude, se sei que não a terei e que serei só eu em pensamento?
De que me serve lutar pela alma que já perdi, quando não sei onde ela pára, nem por onde deambula, nem sei já mais quem ela é ou foi?
Deixei-me seduzir por uma felicidade aparente e esqueci-me do sentido da vida.
Parece que ainda a sinto a escorregar-me das mãos, como se líquida fosse para que, sendo algo não palpável, nunca a pudesse agarrar.
Tentei substituir o mal por bem quando o bem era o mal e o mal o bem.
Desisti.
Contudo esta desistência não é para abdicar da vida, mas apenas para não viver com ela, mas sim lado a lado com ela, para que se não misturem.
E para nos distinguirmos eu visto luto. E assim será até eu aguardar julgamento no purgatório…


SAVE FROM THE NOTHING I’VE BECOME
BRING ME TO LIFE!

E pensar que a vida já foi tão cor-de-rosa na idade da pura inocência por não ver para além das máscaras, por não julgar ainda atitudes, por não ter ainda uma opinião sólida, concisa e determinada acerca das coisas, acerca da vida.
E, por isso, a realidade nua e crua veste um disfarce que na verdade não lhe serve, mas que nas mentalidades insípidas não há nada que lhe assente melhor.
E quando a fruta do pecado amadurece e está preparada para a qualquer momento ser colhida e comida por um pecador, é que desce dos céus do imaginário e enfrenta o único mundo existente na realidade. Mundo esse que está sempre preparado a atacar e à vanguarda, o mundo terreno.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Sentimento que mendiga não na rua, mas em qualquer lugar


Queria olhar para o céu e acreditar que aquela estrela bem distante e brilhante olhava por mim. Perdi-me no seu encanto e iludi-me.
Mais uma vez não me sinto. Não me sinto, porque não me sinto completa, com quem me completa.
A luz dessa estrela que em mim reflectia o seu brilho, apagou-se. E a minha noite cerrada ficou ainda mais escura. Não vejo qualquer tipo de brilho… nem sequer uma pequena nesga de luz. Não distingo nada, choco constantemente, procuro a lucidez com os olhos cegos pela escuridão.
Não sei de nada, nem sequer o que procuro.
Sinto.
Sinto falta.
Sinto a falta de Alguém, de dias, de tempos, de palavras, de sentir Alguém.
Mas não me sinto.
E é esta a realidade tenebrosa que a minha mente me dá a conhecer, um mundo às escuras, em que a esperança se algum dia aqui morou, fez as malas e partiu para…
Não sei para onde… Nem sei se alguma vez ela realmente cá esteve comigo, ou se não passou tudo de uma mera ilusão.
Quero deixar a lágrima maldita pisar-me o rosto. Senti-la com toda a minha dor interior que ela consigo carrega e leva até isso tudo e ela se desfazerem.
Os meus olhos castanhos ganham uma cor esverdeada. E não é esperança que tenho no olhar, mas antes um cansaço... um estar farto de lutar, de chorar, de resistir, de superar.
Então, rendo-me à minha música nostálgica e melancólica que me faz dispersar deste mundo e me abriga no seu. Onde posso sentir-me compreendida e sentida, onde me liberto e liberto todo o rancor e mágoa que vêm de dentro.
E ela, quase que com uma força sobrenatural, vai-me limpando as lágrimas enquanto escrevo e não escrevo até o choro cessar.
Sinto um vazio esquerdino no peito.
Tenho um vazio esquerdino no peito.
Queria antes não sentir para não sofrer.




P.S.:
Sabes o que eu queria?
Queria poder encostar a minha cabeça sobre o teu ombro e, feliz, poder descansar por saber que amanhã tudo continuaria como no Primeiro Dia.



domingo, 20 de abril de 2008

O Grito



Coração inocente que bate forte, quando alguém algum motivo para isso lhe dá. Inconsciente das consequências, mas bem ciente daquilo que sente, segue em frente e não olha para trás.
Vive em tempos quentes, grandes paixões, emoções tão entusiasmantes, que nunca antes procurou tê-las, nem da sua existência sabia e nem nelas acreditava.
Loucura e devaneios, se assim se lhe pode chamar.
Vive-os numa despreocupação que só com o Presente se preocupa, com o momentâneo.
Todavia, não é do momentâneo que vive. Este coração que se alimenta de sentimentos e intrínsecos, procura somente a essência mais profunda de um só ser.
Desvendar todos os seus mistérios, medos e tormentos, bem como, todas as alegrias e risos escondidos no passado.
O céu azul, sem nuvens ou coberto de nuvens esbranquiçadas é agora o céu cinzento, coberto com nuvens de cor igual, que podem ou não chorar pelos pecados humanos. De alegria e em harmonia com a desgraça do mundo é que não choram certamente.
E com elas choram incertezas e certezas. Tristezas e alegrias. Maus e bons momentos. Sonhos e fantasias que criam um nevoeiro na nossa realidade, impedindo-nos de a poder ver, fazendo-nos apenas olhar.
Coração que enfrenta maus tempos e que se sente só e sofredor da sua própria angústia, não está só realmente. Apenas não o sabe ele disso.
A neblina quase que lhe cega os olhos, e o frio, esse não deixa as suas palavras soarem livremente.
A liberdade condena-se e condena-o.
Sente-se amordaçado e cego. E, por isso, não fala e não vê se está correcto o facto de não falar por não conseguir, ou se deveria pelo menos tentar exprimir-se, ainda que apenas o fizesse quase como que em onomatopeias.
É certo que coração dilacerado não sente o tempo frio igual ao que sentiu em tempo quente. Coração que se diz magoado, não esquece quem magoa nem o que o magoou.
E se o que em tempos viveu, o fez esquecer o seu sentido e agir um pouco pela excitação do momento que pensou e quis eterno, quase que implora agora por esses tempos passados. Não por sentimentos passados, mas por cuidados, carinhos, palavras, expressões, gestos, carícias e tudo o que a isto está relacionado, passados.
Coração que prevê e premedita o fim. Que por vezes chora e que por vezes tanto lhe apetece chorar como desabafo e as lágrimas fazem por não sair, enquanto as palavras ferem como nunca antes feriram. Parecem mais aguçadas que as próprias espadas, ou se calhar está o nosso coração demasiado magoado e sensível. Ou estará apenas escondido num egoísmo e individualismo que não os reconhece como seus. Ou estará a ser apenas um coração diferente do que aquele que se conheceu em dias de calor.
Agora quer apenas que o deixem ser aquela nuvem negra, inalcançável, que acabará sempre por molhar quem se diz seco ou demasiado molhado com tudo…

É o grito!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Andorra - Pas De La Casa - Viagem de Finalistas



Parti.
Parti para o Longe e pus de parte grandes confusões que em mim não eram esquecidas.
A excitação da chegada a um novo lugar e a da descoberta do mesmo foi tanta que depressa os pensamentos que há tanto me atormentavam ficaram adormecidos.
De lá nada eu conhecia. Tudo era estranho, tudo era estrangeiro. Mas grande parte era português e, de certa forma fez-me sentir em casa. Numa casa minha em que eu não lá morava realmente, mas uma casa.
As temperaturas baixas não me impediram de todo de me libertar de mim.
Vivi, dancei, esquiei e numa semana abstrai-me de tudo.
A sensação única do roçar dos flocos de neve na cara, os nevoeiros intensos, em que nada se via nem ninguém… foi tudo tão intrínseco, tão novo e maravilhoso.
O olhar pela janela embaciada, ver nevar lá fora e sentir-me quente, em casa, e contente com este sentimento de independência.
As conversas ao jantar, os bons e os maus cozinhados…
Os acordares de manhã, os velhos jogos de cartas, os chás da ceia, as danças da meia noite…
O ski… um desporto novo, nunca antes praticado por mim e com ao qual nunca esperei adaptar-me. Contudo, ao fim de 3 dias já se esquiava nas pistas difíceis, em que as sensações são únicas e indescritíveis.
As descidas a pique em que tantas vezes caímos… Descidas em que nos sentíamos a avançar no tempo, em que sentíamos a velocidade do vento a quebrar todos os limites imagináveis num sentimento total de liberdade.
Conceito que era, no entanto, deliberado e não exagerado.
Senti-me eu naquele desafio. Eu face ao desconhecido. Eu face aos obstáculos daquele branco “mundo” novo. E eu a superá-los com garra, empenho, força, e feliz.
Feliz por estar a viver um momento inesquecível o qual torná-lo-ei imortal em mim.
Não esqueci, contudo, o meu país e, sobretudo, os meus problemas. As pessoas que não partilharam do mesmo espírito ou que simplesmente não queriam tentar partilhar ou compreendê-lo, fizeram lembrar-me do meu eu infeliz e submisso.
MAS não me deixei cair por isso… Desta vez escolhi-me a mim. Escolhi-me e não me arrependo!
Fui eu e não havia nada nem ninguém que me fizesse desgostar ou a deixar aquela oportunidade de lado para me entregar a sentimentos de culpa…
A partida é apetecível, mas faz-nos sentir saudade.
A saudade, aquela vontade de correr e abraçar os nossos, aquela vontade de voltar ao nosso ninho... O imaginar de como iriam ficar contentes as pessoas que amamos com a nossa chegada, e nós por finalmente chegar.
A chegada.
A chegada tardia e madrugadora, mas muito muito desejada.
O retomar daquele abraço inacabado e infindo que nos deixou partir e que de braços abertos permaneceu aguardando ansiosamente a nossa chegada.
Os brilhos nos olhos, os sorrisos adoráveis, verdadeiros e puramente felizes, impossíveis de serem derrubados por qualquer tristeza alheia.
Os nossos rostos de meninos por voltar a Casa.
À verdadeira Casa… Onde se encontram os nossos eternos amantes, onde encontramos as nossas origens, onde sabemos aonde pertencemos, onde sabemos de nós, e quem somos… A verdadeira e eterna casa, que não é material, mas sentimental, a nossa verdadeira casa, é sempre aquela casa modesta que partilhamos com quem nos é querido e nunca apagado ou esquecido. É o nosso lar(lugar).



É bom estar de volta. : ]



P.s. : Fotografia tirada perto do apartamento onde ficámos. SANDI IV, E7 RULLA ! x'D

O vídeo foi feito por um colega nosso enquanto eu e a Joana esquiávamos com aquelas roupas maravilhosas. Eu tnho óculos de mosca, a Joana esquia melhor q eu ! xD

segunda-feira, 31 de março de 2008

Eterna Lembrança



Eu não sei, que mais posso ser

um dia rei, outro dia sem comer

por vezes forte, coragem de leão

as vezes fraco assim é o coração

eu não sei, que mais te posso dar

um dia jóias noutro dia o luar

gritos de dor, gritos de prazer

que um homem também chora

quando assim tem de ser

Foram tantas as noites sem dormir

tantos quartos de hotel, amar e partir

promessas perdidas escritas no ar

e logo ali eu sei...

(Que) Tudo o que eu te dou

tu me das a mim

tudo o que eu sonhei

tu serás assim

tudo o que eu te dou

tu me das a mim

e tudo o que eu te dou

Sentado na poltrona, beijas-me a pele morena

fazes aqueles truques que aprendeste no cinema

mais peço-te eu, já me sinto a viajar

para, recomeça, faz-me acreditar

"Não", dizes tu, e o teu olhar mentiu

enrolados pelo chão no abraço que se viu

é madrugada ou é alucinação

estrelas de mil cores, ecstasy ou paixão

hum, esse odor, traz tanta saudade

mata-me de amor ou dá-me liberdade

deixa-me voar, cantar, adormecer

Tudo o que eu te dou


Tu me das a mim
tudo o que eu sonhei
tu serás assim
tudo o que eu te dou
tu me das a mim
Pedro Abrunhosa


Lembro-me de quando me puxaste pela mão e, em frente a toda a gente me dedicaste esta música.
Lembro-me de tudo o que já fizeste por mim, de tudo e de todos os momentos que passámos juntos… por muito esquecida que seja.
Lembro-me de quando te conheci como se fosse hoje.
Lembro-me do quanto mudaste a minha vida para melhor !
Lembro-me do Primeiro Beijo.
Lembro-me do teu abraço profundo que me é tão indispensável.
Lembro-me do quanto me fazes feliz.
Lembro-me do quanto te quero.
Lembro-me do teu olhar de menino.
Lembro-me de todas as palavras doces.
Lembro-me de todos os gestos queridos.
Lembro-me de todos os sonhos, de todas as mensagens, de todas as cartas, de todos os carinhos.
Lembro-me do quanto me fazes falta.
Lembro-me de toda a tua coragem.
Lembro-me do quanto tu és forte e lutador.
Lembro-me de tudo o que és para mim e que por nada te quero
perder.
Eu
lembro-me e lembrar-me-ei sempre de ti, meu eterno amor
!
Imagem: Fotografia tirada à paisagem espanhola no autocarro.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Ondas da Alma


Que dirias tu de mim, se me deixasse cair nas profundezas do nada?
Se me deixasse vencer, se me deixasse de ser mar de incertezas e loucuras sem fim?
Que seria de mim, se nem por mim procurasse nem amasse?
Que seria de mim, sem sóis, sem luzes na vida?
Que seria de mim assim, perdida no tempo pesado, albergando um fardo só meu, sem que eu alguma vez o tivesse escolhido?
Marés vivas, revoltadas com o seu interior, tentam expressar a sua dor em ondas devastadoras, arrasadoras e, até, mortíferas! Ondas loucas, mas ondas que sabem que ondas são, por serem águas agressivas e sentidas, por serem o reflexo do seu estado interior.
Ondas mansas, ondas calmas, insatisfeitas com o vento que lhes direcciona o rumo a seguir. Donas de si estão cientes de tudo aquilo que são, ou de grande parte.
São as ondas que nunca revelarão as revoltadas à terra (n)vossa.


terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Porta fechada

Tenho as ruas encobertas e as estradas fechadas.
De todos os caminhos eu lhes perdi o percurso. Perdi-me assim num Nada intemporal que me absorve a alma e me leva tudo o que é de mim.
De repente, vejo-me ainda mais cega que antes, quase que tropeçando em tudo por estar incapacitada de ver, de observar, de não cair, de não chorar.
Pensei o quanto seria bom partir.. e, agora que me vejo quase de partida, imploro para ficar. Por cada lágrima, por cada sufoco, por cada pranto, eu imploro para não deixar tudo aquilo que eu cá amo, tudo o que eu cá deixo se partir, tudo aquilo do qual eu seria incapaz de me desfazer.
A minha porta está encostada e quase fechada.
E eu... eu quero e não quero fechá-la.
Quero, porque verei feliz a pessoa que amo e pela qual tenho imenso respeito.
Seria libertada de um passado que a encurrá-la, que a mata por dentro. Talvez na distância e na procura do seu novo rumo se encontrasse com a Felicidade.
Por outro lado, procuro pequenos objectos que possa colocar no chão para impedir ao máximo que esta porta se feche. Não quero deixar cá o meu coração que partilhei com as pessoas mais importantes da minha vida. Não quero e não sei viver sem elas. Talvez seja um pensamento um pouco egoísta, mas que eu não o consigo deixar de ter.
Sentindo intensamente cada soluço de choro, penso sobre este dilema sem chegar a nenhuma conclusão e chorando apenas com o imaginar das mesmas.
Afastei tanto o passado.. ontem queria-o de volta e hoje esse meu querer é obsessão. Obsessão por reviver na minha memória todos os momentos felizes, todos os momentos em que eu sei que fui. Sei-o porque os vivi ao lado de pessoas importantes, construtoras de quem eu sou agora e da minha felicidade com elas.
Obsessivamente quero resgatá-las e levá-las comigo no bolso vá para que lugar for.
Poque com elas eu sou.
Sem elas não sou.
Elas nomeia-me,
E, sem elas, eu não tenho nome...

Dedicado:
*mãe, por seres a melhor pessoa do mundo. Por seres uma pessoa que eu me orgulho de ter na vida @
*Anja, por me compreenderes e me apoiares como só tu sabes ^^ sem que seja preciso uma única palavra, por seres forte @
*Tiago, por me ouvires e me apoiares tbm à tua maneira muito frontal :P e por me fazeres mais do que feliz @