Adeus disse-te eu.
Partilhámos a mesma temperatura nas palavras, fria, senão gelada.
Quero partilhá-la nas locuções porque me magoaram, porque apesar de tudo, sempre te tive em boa conta. Defendi-te quando pude, afinal de contas, não é isso que trata a amizade?
É bom saber que não me lês, para não levares as minhas palavras tristes e pesadas doravante. Não quero que penses nelas, mas nas tuas.
Como é possível mudar tanta coisa num espaço tão curto de tempo?
Amizades que me escapam da mão, momentos que não se apagam nem quero. Não esqueço quem importa, não esqueço os amigos.
Chorar de nada me vale. Só enfatiza o vazio que aqui tenho dentro no lugar que tu conquistaste e que agora não queres reclamar o trono.
Vou ser e tenho de ser forte.
Mas quero fugir. Deixa-me fugir deste mundo doloso que me quer comer. Deste ciclo vicioso que mais parece um torpedo.
Escrevo-te sem que o mereças, mas porque preciso.
Não saio daqui ilesa se sou transgressora, mas o que me incomoda não é a minha dolência, mas o teu lugar desabitado.
A música não me acalma e as minhas letras juntam-se e desunem-se desordenadamente, não cumprem ordens, armam-se rebeldes.
Custa-me tanto vestir um fato alegre quando este me está bem pequeno e não me serve.
Ponho-o de parte, talvez outro dia.