segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Os Humanos

Querem tudo e não querem nada. Querem o mundo. Querem sonhar. Querem o que não querem, querem fazer de mim um ser insano, demente, deprimente, descartável, mutável.
Contudo a minha mutação só o é se eu o consentir, e eu o não consinto.
Só eu sei que desespero e a minha virtude torna-se escassa e nem roça já o céu da lucidez. Tudo é névoa, tudo é cinzento, tudo é o que não é e esta amálgama de seres que não o são querem corroer-me. Talvez o consigam. Neste mundo de aparências reina aquele que as souber manter. A lei não é a do mais forte, nem tão pouco a da adaptação à mundança (Darwin), mas a de quem consegue ostentar a sua máscara sem levantar suspeitas. Esse e só esse vingará. Esse e só esse é "grande". Grande nos seus padrões insípidos e imorais, objectivando o umbigo deslumbrante e não olhando a meios.
São estes os pequenos e fofos seres que compõem a nossa sociedade. Que se não lhes dê parantesco porque isso nada define, para além das relações de sangue. Para que serve? Para que serve se somos todos iguais? Se bebemos todos do mesmo mal? Se no fim, acabamos corroídos? Para que serve?
Este é o problema. Não importa quem são, mas sim o que são. É aqui que reside a pedra preciosa. Que importa a família se o único exemplo que dá é para não segui-lo?
O que constitui as pessoas hoje em dia? Não sei. Esta dissemelhança que me afasta, arrasta e me fecha, não só me expulsa do meio social como faz de mim alienígena.
O bom é o mau e o mau é o bom. Vingamos pelas más atitudes.
Este é um mundo que não percebo. São pessoas que não percebo. São seres que são aquilo que não são e nada para além deles importa. Até onde vai este umbiguismo?
Que seres são estes que se acham superiores porque pensam?
São superiores porque evoluem tecnologicamente? Porque destroem a natureza? Ou porque destroem a sua própria espécie? Tenho nojo da nossa sociedade, de ser humana. Sinto que não sou nada como essa gente mesquinha. E quanto mais de vós vejo mais me sinto apartada, mais me sinto diferente.

Hoje sei que a minha diferença é exactamente aquilo que vocês nunca serão: realmente humanos.