Posso falar e justificar-me, mas não sou ouvida. Não há paredes que me rodeiem, mas todas as palavras que da minha boca saem são inaudíveis.
Estou rouca por tão incessantemente tentar falar e fracassar.
De que me vale mais mostrar as minhas mãos lavadas, ou pelo menos quase, se ninguém as vê?
Vou procurar não me importar mais com o que não merece tal atenção afinal.
De tudo o que fiz, não me arrependo, ainda que preferisse que nada tivesse acontecido. Porque acho que, apesar de tudo, se fazemos o que sentimos, não nos deveríamos arrepender desses actos e vocábulos vãos. Apenas provam a sua própria efemeridade. Ah e a minha razão talvez. A imagem inexistente…
Afinal sempre tenho alguma sapiência, ainda que pouca, nas palavras secas que digo.
Sou tudo aquilo que achas mau. Tudo bem. Consigo viver com isso, ainda que desiludida.
Tu não és. Mas de nada me vale as palavras porque são meras palavras e não passam disso mesmo.
Palavras que sabem tão bem pisar com pés gigantes que tanto gostam de falar de mim sem me conhecerem.
O pior ignorante é aquele que desconhece a sua própria ignorância.
Sou ignorante, mas tento acima de tudo, largar os meus dogmas e subir a montanha, rochosa e perigosa, mais leve.
Tu fazes aquilo que achares melhor, eu sou a mesma pessoa que tu tão pouco conheces, mas que procuras falar como se de mim soubesses.