terça-feira, 14 de outubro de 2014

Roubo de Identidade

Hoje em dia é fácil roubarem-nos a nossa identidade, seja porque temos a famosa password do universo "1234", seja porque já há mais hackers que goodies.
A verdade é que a nossa identidade cibernética - ainda por cima a nossa melhor! - é frequentemente roubada, geralmente para causar spam em feeds alheios ou simplesmente para deixar víruzinhos irritantes que já todos conhecemos.
Não vejo, para ser franca, o objectivo de o fazerem, pelo menos com "figuras não públicas", se é que faz algum sentido. De facto, esse roubo é considerado gravíssimo, para algumas pessoas, e até devesse constituir um crime. Exactamente porque nos é roubado o melhor de nós, a personalidade que com tanto esforço e dedicação construímos dia após dia.
A questão da identidade num mundo que depende da sua identidade no ciberespaço é algo estranho e confuso.
Será assim tão alarmante? Até que ponto essa identidade também é a nossa vida, até que essa identidade se funde com a nossa, até que ponto será essa identidade a verdadeira? Talvez por não ser a nossa verdadeira identidade nos é tão importante regá-la para que cresça e floresça, nem sempre na direcção daquilo que nos constitui, mas certamente na do que gostaríamos de constituir.
Por muito que também eu alimente a minha Ciber-Sofia, sei-a imperfeita, tal como nós, nem que seja por ser a parte de mim que não me é nada.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Os Humanos

Querem tudo e não querem nada. Querem o mundo. Querem sonhar. Querem o que não querem, querem fazer de mim um ser insano, demente, deprimente, descartável, mutável.
Contudo a minha mutação só o é se eu o consentir, e eu o não consinto.
Só eu sei que desespero e a minha virtude torna-se escassa e nem roça já o céu da lucidez. Tudo é névoa, tudo é cinzento, tudo é o que não é e esta amálgama de seres que não o são querem corroer-me. Talvez o consigam. Neste mundo de aparências reina aquele que as souber manter. A lei não é a do mais forte, nem tão pouco a da adaptação à mundança (Darwin), mas a de quem consegue ostentar a sua máscara sem levantar suspeitas. Esse e só esse vingará. Esse e só esse é "grande". Grande nos seus padrões insípidos e imorais, objectivando o umbigo deslumbrante e não olhando a meios.
São estes os pequenos e fofos seres que compõem a nossa sociedade. Que se não lhes dê parantesco porque isso nada define, para além das relações de sangue. Para que serve? Para que serve se somos todos iguais? Se bebemos todos do mesmo mal? Se no fim, acabamos corroídos? Para que serve?
Este é o problema. Não importa quem são, mas sim o que são. É aqui que reside a pedra preciosa. Que importa a família se o único exemplo que dá é para não segui-lo?
O que constitui as pessoas hoje em dia? Não sei. Esta dissemelhança que me afasta, arrasta e me fecha, não só me expulsa do meio social como faz de mim alienígena.
O bom é o mau e o mau é o bom. Vingamos pelas más atitudes.
Este é um mundo que não percebo. São pessoas que não percebo. São seres que são aquilo que não são e nada para além deles importa. Até onde vai este umbiguismo?
Que seres são estes que se acham superiores porque pensam?
São superiores porque evoluem tecnologicamente? Porque destroem a natureza? Ou porque destroem a sua própria espécie? Tenho nojo da nossa sociedade, de ser humana. Sinto que não sou nada como essa gente mesquinha. E quanto mais de vós vejo mais me sinto apartada, mais me sinto diferente.

Hoje sei que a minha diferença é exactamente aquilo que vocês nunca serão: realmente humanos.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

O Teu Silêncio

Queria saber dizer-me, mas as palavras insípidas não mo permitem. Saem em caminhos opostos, caminhos antes tão paralelos agora desencontram-se.
Do correcto e do concreto dista o sentido. Não sei já se falar acrescenta valor ou são só mais vocabulários impiedosos que liberto, desacertados, sem nexo nem consistência, soltos, loucos, meus. Não sei mais se mereces pedaços meus.
A importância passou-te ao lado e nem deste conta. Estavas de olhos fechados ou simplesmente não quiseste ver, mas ela não passou por ti a correr. Muito pelo contrário, demorou-se, concretizando em cada passo o tempo de uma vida, só para atrasar o próprio tempo, só para se fazer notar, só para a sentires e tu nem deste por ela. 
O tempo roubou-te a vida e a mim a essência. Éramos qualquer coisa dissociada, diferente, estranha, confusa, nem sei bem o que éramos ou se éramos. Não sei... Sei que os sentimentos esses, eram igualmente picos onde nem todos juntos constituíam algo único.
Honestamente, confesso-te que tenho pena. Tenho pena que os teus olhos não vejam, tenho pena que sejas monocromático, tenho pena que me tenhas mudado para CMYK quando eu era RGB.  
E o tempo que perdemos em ser alguma coisa que nunca fomos, dilacera-me. Foi tempo em que me esqueci e que não me valorizei, foi o tempo que também a mim me cegou e que não me deixou ver.
Preferes não falar e, por muito que me custe, aceito o teu silêncio. É a tua posição, firme e hirta, inderrubável, cercada por facas afiadas não vá eu proferir alguma palavra indesejada.
Que assim o seja se assim o preferes. 
Não quero mais esta guerra, ganhaste.