quarta-feira, 20 de julho de 2011

Nada Quero

Talvez seja do calor, ou antes da falta dele. Como se tivesse secado as lembranças que residiam numa velha caixa de madeira empoeirada e com tão pouco já para nos dizer.
Não que escondesse segredos ou que fosse ela tudo mais que alguma coisa, mas era tão somente aquela caixinha de memórias que guardei com carinho até dela mesma me esquecer.
É como se fosse em tempos uma cascata onde simplesmente a água parou de cair quando o tempo tudo secou.
Choveu há dias. A cascata com pouca água corre, mas corre com uma outra corrente. Não sabe para onde vai, nem tão pouco sabe porque vai, apenas segue o seu percurso como se nada a ninguém devesse, como se corresse porque também o parar de nada serve e assim talvez conheça um campo ainda não conhecido.
E as lembranças? Quem as lembras? As memórias? As memórias nada mais são do que algo que me empoeirou e me cegou os olhos, que me fez os ouvidos moucos e das minhas palavras alterações sintácticas. Não quero as memórias, quero o sem rumo. Quero o que nunca quis. Não quero. Quero o que não quero.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Arrancar-te de mim

Continuo sem conseguir formar frases, mesmo a minha junção de palavras parece desabitada, há sempre elementos em falta ou sem ligação.
Atrevo-me a dizer que ainda choro num mar não respondido nem correspondido, dolente e rebelde, revolto. Caminha na minha direcção oposta e vem contra mim, com um sede de me querer limpar a face imunda de pensamentos pecadores e dizer-me tudo aquilo que sei, mas que não quero ouvir.
Se pudesse, se pudesse, arrancava-o de dentro de mim, com as minhas próprias mãos, deixando escorrer o sangue que algum dia te marcou de alguma forma em mim. Peso morto, queria-te assim para mim. Queria ver-te sem interesse, queria que tu seguisses e fosses feliz sem mim e sem me importar, queria eu ser sem te carregar ao peito.
Larga-me. Desespero.
Não sei que fazer. Fazes de propósito para te não esquecer.
E eu, que ingenuamente em tudo e todos acredito, também a ti não te consigo não falar quanto mais não te sentir.