Mas a impossibilidade de te apagar na tua totalidade me não deixa continuar um caminho recto, deturpa tudo aquilo que vejo e acredito e confunde-me, vejo tudo nublado, turvo, incompleto. Não sei como me sinto, sei que preferia não me sentir, não fazer de ti meu sal.
Quando me vais deixar? Como é possível? Diz-me como porque eu já o não sei dizer por palavras. Desaprendi. Desaprendi-me. Fui algures contigo e lá me perdi, lá fiquei e tu não me devolveste.
Uso uma máscara só para pensares que sorrio. Sei que mudei e até ouso dizer que me fortaleci por tudo o que já passei posso dizer que as palavras que oiço me não importam porque tomo-as à partida como: não sinceras.
Não sou mais um fantasma que te atormenta sem comunicar contigo. Sou apenas alguém que não deixas seguir, curar-se, apaixonar-se de novo pelas cores da vida.
Larga-me. Deixa de te ser em mim. Eu apaguei-te, como é que ousaste desenhar-te em mim de novo? Ainda que num esboço mal feito, quem te ordenou? Fui eu, só eu! Culpada! foge e arrepende-te de te envergonhares a ti própria. Sim, tu sem auto-estima, pessoa despida de si própria, que vendeu amor ao preço de nada.
Ainda te quero recordar. Não percebo esta minha vontade. Sou estúpida, não terei outro nome senão esse. Sou idiota, iludida, sou tudo aquilo que se ridicularize. Talvez ainda não tenha sido suficiente tudo aquilo que passei.
Quero lembrar-me de ti, mas apaguei tudo aquilo que me fazia visualizar-nos, menos a minha memória que, infelizmente, me lembra constantemente de ti, de nós, de tudo, do meu estado parvo aquando infantilmente sorria dezasseis vezes sem cessar sempre que apenas a tua mão acalmava a minha e o teu olhar - que se fingia terno - me dizia falsidades como “é seguro”.
Vivemos numa relação em relações diferentes, não complementares: estávamos os dois perdidamente apaixonados por ti.