quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Música

Passaram dias e dias. Passou um ano inteiro e a música que te descreve continua a mesma. A mesma composição, o mesmo ritmo, cada verso…
Devia ser passado, devia ser qualquer coisa que se desvia, que passa ao lado, que não me atinge, mas antes pelo contrário, fere-me como se fosse ontem. Como se as palavras para ti fossem só qualquer coisa que a tua boca sabe exprimir, mas que nem sabes bem o porquê nem o que querem dizer. Simplesmente dizes porque é do momento, qualquer coisa que se adequa, que fica bem. Pensei que de sinceridade vivesse o mundo, mas é o contrário. Desta  ele
mingua. A força está na mentira e todos se cobrem dela porque por alguma razão que não entendo se acham felizes por viverem encavernados, sem luz, nem paz, nem amor.
Amor. Palavra tão aguada, tão solta, tão comum e tão difícil de encontrar a sua verdadeira acepção. Klee afirma que “a arte não produz o visível, mas torna-o visível”. Eu alego que o amor é mais visível quando invisível. É qualquer coisa de inconstante que não se pensa. Ou é ou não é. E quem a sente, sabe-lo. Não precisa de o tornar visível porque já o é.
Julgo-me estrangeira e chamam-me tão vulgar. Todos dizem que o sistema é verdadeiro, mas é na realidade uma falácia que ninguém se apercebe. Estarei sozinha?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Single Word

I lost the track of time
Somewhere I lost myself
Everything seems what it is not
I want to believe but cannot

You are everywhere I go and you look like Spring
But deep in inside it looks very Winter to me
I cannot ask for what you do not have
I cannot have what you cannot give

Maybe, just maybe,
We are both lost and stuck in something we try to fix
But is not worth it.
And maybe, just maybe,
We are not the ones who need to be fixed
Maybe “we” is just a “you and I”
That should never have become a single word.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Momentos

São momentos. São dias. São determinados apetites insatisfeitos e melancólicos que já trazem o cheiro de uma nostalgia que nos prende e que nos não quer largar.
O mundo é tão grande, tão grande e eu sou tão pequena.
Às vezes oiço o vento e canto sozinha só para me ouvir e não me sentir desacompanhada mesmo quando só quero estar comigo.
E sim, lembraste? Lembro-me de tanta coisa, de tanta coisa que ficou a pairar na minha imaginação e outras tantas que ficaram estagnadas no patamar do indizível querendo soltar-se, mas sempre com renitência.
Oiço uma música que vem de dentro e faz-me render-se-lhe. Entrego-me e deixo-a guiar-me, parece saber bem mais que eu. Esqueço-me do momento e penso nostálgica naquilo que passou e em todas as coisas que são tanto para além de mim.
Lembro-me que o tempo passa de rasgão e acena-nos depois com um sorriso nos lábios como se soubesse a falta que nos faz, a marca que nos deixa e este sentimento sempre insaciado de querer que se chegue mais de perto, só para lhe vermos o rosto de relance, só para sentirmos o que já sentimos, só para tentar esconder a saudade.
A saudade tal como a nostalgia são ambos sentimentos fortes e, nalguns casos, insaciáveis. Isso fá-los grandes, concedendo-lhes um valor tal que nem temos logo noção.

O Novo

Sinto o cheiro a novo, um aroma bissexto que paira no ar e fica e se entranha e é todo ele carregado de esperança, de novidade, de força.
Parece que o erro não tem aqui lugar, anda perdido, desencontrado.  A vontade de sorrir é incontrolável. Pairam pensamentos idealistas, novos conceitos, novas tarefas, novos objectivos para concretizar, novas alegrias e tudo isto se espera num dia tão solarento como o de hoje.
Imagino com a coragem que as palavras se libertam da boca como passarinhos que começam a voar pela primeira vez, carregados de inexperiência e cobertos de uma inabalável esperança. Os seus olhos brilhantes, reluzentes de confiança, cantam agora uma insipiente canção, acompanhada apenas de um sentimento puro e profundo, genuíno, apelando à crença na Felicidade.