quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O r

Carregando no “r” para ser mais alguma coisa estrangeira
É a melodia que canta para si mesma
Ser um tanto mais ao lado, mas nunca passageira.
Que nos canta e reporta
Porque é sempre mais do que aquilo que se regozija
É o reencontro com um ser-do-eu
Que nos segreda por entre paredes revoltas
Que mais do que ouvir e ser
É ser para se ouvir e conhecer.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Opismo

És o meu ópio. E eu queria tirar-te de mim. Pensei que por falar as palavras fossem o mais alto, me aliviassem e que me não fizessem sentir desnorteada, perdida, num fervilhar emocional que já não devia sentir.
Queria muito  viver o ‘fairytale’, mas o meu querer é tão intenso que deturpa a realidade em função do mesmo. Eu não estou a vivê-lo, nem o vou viver. Digo-me inúmeras vezes, queria gritar-me para ver se me entra!
- “Ama-te!” – digo-me. Digo-me, mas não me oiço. É sempre aquele pensamento que me não deixa dormir, como se numa outra realidade tivesses sido o meu salvador, como se viesses com uma acção inimaginável e nunca de desistência, dizendo que me querias e não descansarias até o conseguires por tudo aquilo que eu era… que ilusão.
Estou tão confusa, queria tanto viver este sonho irreal. Porque ainda vives em mim, dei-te de mim como nunca antes a ninguém.
Talvez o melhor seja mesmo esperar sete meses para nunca mais te ver, talvez aí desapareças e eu te esqueça.  Não sei se é por seres orgulhoso demais ou por não me quereres assim tanto ao ponto de lutares então não vale a pena ocupares a minha imaginação.
Fizeste-me fraca. Rendo-me ao primeiro olhar e agora “moro do rés-do-chão do pensamento.” Opiário, Álvaro de Campos.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Rosa Para Mim

Sim são, são mais as palavras do que aquilo que eu sei dizer de mim. Que sejam conversas com um só interlocutor, que o sejam. O tempo corre por mim e percorre-me, ultrapassa-me e mostra-me o quão fugaz é. Talvez não me tenha apercebido que as palavras são sempre queridas enquanto puderem ser tornadas audíveis pois o mudo mata-me por dentro.
Se o olhar falasse talvez eu não me desfizesse e ouvisse. Mas o olhar apenas me faz crer num "se" que nunca mais poderei tomar como verdadeiro. E distaram progressiva e dolorosamente as palavras e assim se vai distando o teu olhar. Está já tão vazio, tão longe de tudo, de nós, do mundo, de ti.
Os teus olhos grandes vêem tanta coisa e parecem tão perdidos. Dei-te a mão para saberes que é seguro, mas tu não reagiste. Olhaste-me tão intensamente que talvez me tenhas visto por dentro, ou fizeste um esforço sobrenatural para saberes quem eu era, ou simplesmente olhaste no vazio. Isto tudo fez-me lembrar-te e perceber que serias o meu primeiro tópico desta minha escrita já tão enferrujada. Lembrei-me e lembro-me do quão presente sempre me foste mesmo quando o não vi. Mulher palavrosa no sentido de seres mesmo cheia de palavras. Palavras gordas daquelas um tanto ou quanto baralhadas e algumas dispensáveis, mas sempre gordas. Nunca nada ficou por dizer. Talvez saia a ti ou não fosse eu mesma, tal como tu, palavrosa, com tantas elas baralhadas e tantas outras dispensáveis.
É bom lembrar-me de ti e pensar que o tempo que te roeu nos rói também por não te poder sentir receptiva. Queria mostrar-te como cresci, queria tanto dar-te aquele abraço infindável antes da última palavra. A última palavra. Foi tão louca, tão insignificante, tão fugaz e submissa, mas tão tua. Uma daquelas que nunca guardavas debaixo da língua e disseste sempre tudo até mais não poderes.
Sinto a tua falta como nunca pensei que fosse sentir. Sentimos todos e nem sei se sabes o quanto.
Sei aceitar muita coisa, mas custa-me tanto aceitar-te assim. Aceitar que isto és tu no agora e depois e nunca mais como antes.
És como uma pura, linda e inesquecível Rosa para mim, uma das melhores plantações do meu jardim.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Nada Quero

Talvez seja do calor, ou antes da falta dele. Como se tivesse secado as lembranças que residiam numa velha caixa de madeira empoeirada e com tão pouco já para nos dizer.
Não que escondesse segredos ou que fosse ela tudo mais que alguma coisa, mas era tão somente aquela caixinha de memórias que guardei com carinho até dela mesma me esquecer.
É como se fosse em tempos uma cascata onde simplesmente a água parou de cair quando o tempo tudo secou.
Choveu há dias. A cascata com pouca água corre, mas corre com uma outra corrente. Não sabe para onde vai, nem tão pouco sabe porque vai, apenas segue o seu percurso como se nada a ninguém devesse, como se corresse porque também o parar de nada serve e assim talvez conheça um campo ainda não conhecido.
E as lembranças? Quem as lembras? As memórias? As memórias nada mais são do que algo que me empoeirou e me cegou os olhos, que me fez os ouvidos moucos e das minhas palavras alterações sintácticas. Não quero as memórias, quero o sem rumo. Quero o que nunca quis. Não quero. Quero o que não quero.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Arrancar-te de mim

Continuo sem conseguir formar frases, mesmo a minha junção de palavras parece desabitada, há sempre elementos em falta ou sem ligação.
Atrevo-me a dizer que ainda choro num mar não respondido nem correspondido, dolente e rebelde, revolto. Caminha na minha direcção oposta e vem contra mim, com um sede de me querer limpar a face imunda de pensamentos pecadores e dizer-me tudo aquilo que sei, mas que não quero ouvir.
Se pudesse, se pudesse, arrancava-o de dentro de mim, com as minhas próprias mãos, deixando escorrer o sangue que algum dia te marcou de alguma forma em mim. Peso morto, queria-te assim para mim. Queria ver-te sem interesse, queria que tu seguisses e fosses feliz sem mim e sem me importar, queria eu ser sem te carregar ao peito.
Larga-me. Desespero.
Não sei que fazer. Fazes de propósito para te não esquecer.
E eu, que ingenuamente em tudo e todos acredito, também a ti não te consigo não falar quanto mais não te sentir.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Grito Mudo

É uma convulsão de sentimentos, queria tanto o descanso quanto a paz, quanto a decência e a paciência, quanto o ânimo e a vontade que me faltam.
Sinto-me incapaz de seguir um caminho que me mostre a rectidão de uma certeza e que me diga que é aquele e não outro. A minha cabeça explode de decisões que me consomem e me fazem sentir frágil e pequena. Queria tanto não pensar.
E se por um minuto resolvesse tudo durante um sonho que eu controlaria a meu bel-prazer. Talvez então não tivesse o mesmo interesse pela ausência de dificuldade, mas seria tão mais acessível e, só por um momento, me tiraria algum cansaço que já se vai avizinhando.
As palavras são como as decisões, vaivéns infinitos e incontroláveis, dependo delas e elas não dependem de mim. Uma injúria à qual cedo sem reclamar porque já a sei como incontestável.
Não, não é nada por ser algo, nem se passa nada que tenha de ser alguma coisa, é só mesmo um grito mudo que faço por meio de palavras. Elas gritam-me sem ninguém saber e é só deste meu grito que eu careço. 

E, mais uma vez, gritaram.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Memórias

Apaguei as memórias para não pensar, para não chorar, para ser mais que tu e eu, para já não mais contigo me relacionar.
Mas a impossibilidade de te apagar na tua totalidade me não deixa continuar um caminho recto, deturpa tudo aquilo que vejo e acredito e confunde-me, vejo tudo nublado, turvo, incompleto. Não sei como me sinto, sei que preferia não me sentir, não fazer de ti meu sal.
Quando me vais deixar? Como é possível? Diz-me como porque eu já o não sei dizer por palavras. Desaprendi. Desaprendi-me. Fui algures contigo e lá me perdi, lá fiquei e tu não me devolveste.
Uso uma máscara só para pensares que sorrio. Sei que mudei e até ouso dizer que me fortaleci por tudo o que já passei posso dizer que as palavras que oiço me não importam porque tomo-as à partida como: não sinceras.
Não sou mais um fantasma que te atormenta sem comunicar contigo. Sou apenas alguém que não deixas seguir, curar-se, apaixonar-se de novo pelas cores da vida.
Larga-me. Deixa de te ser em mim. Eu apaguei-te, como é que ousaste desenhar-te em mim de novo? Ainda que num esboço mal feito, quem te ordenou? Fui eu, só eu! Culpada! foge e arrepende-te de te envergonhares a ti própria. Sim, tu sem auto-estima, pessoa despida de si própria, que vendeu amor ao preço de nada.
Ainda te quero recordar. Não percebo esta minha vontade. Sou estúpida, não terei outro nome senão esse. Sou idiota, iludida, sou tudo aquilo que se ridicularize. Talvez ainda não tenha sido suficiente tudo aquilo que passei.
Quero lembrar-me de ti, mas apaguei tudo aquilo que me fazia visualizar-nos, menos a minha memória que, infelizmente, me lembra constantemente de ti, de nós, de tudo, do meu estado parvo aquando infantilmente sorria dezasseis vezes sem cessar sempre que apenas a tua mão acalmava a minha e o teu olhar - que se fingia terno - me dizia falsidades como “é seguro”.
Vivemos numa relação em relações diferentes, não complementares: estávamos os dois perdidamente apaixonados por ti.

domingo, 29 de maio de 2011

Vento

Sopra vento, sopra. Sopra as palavras sem enchimento que poisam desnorteadas no reino do Esquecimento. Sopra o que foi e o que não será. Sopra tudo.
Limpa as impurezas e faz-me não ouvir. Sopra vento se a mim sempre sopraste, se tudo sempre foi tão leve como o pó. Então sopra e deixa-me desamparada.
Sopra porque enquanto soprares sempre tens ocupação e eu de ti já tudo isso espero, não consegues desiludir-me mais porque fechei os olhos que já não mais querem abrir por ti.
Vento invejoso que queres ocupar-te de todo o imatérico do qual dependo, queres arrancar o que em mim já não existe, o que tu levaste num sopro fugaz e cruel, irrequieto e impiedoso, tão insensível e pecador.
Sopra vento, sopra. Eu sei que tudo o que por ti passa é mutável, sopra as expressões, sopra o que me construiu um dia, sopra a minha memória, sopra as palavras que nunca me pertenceram. Sopra. Tudo é teu lugar.
Sopra vento, sopra como nunca sopraste.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Inspired by Poetry Slam

Foi-se.
Foi-se como algo que balança ao som da música que é leve e que domina o ar todo e o som, que me domina a mim e a tudo, que me sê. Que me pára a sede e me lembra, que me fortalece e me acompanha, que de algum modo me diz e não diz o que as palavras o não sabem. E os gestos.. os gestos circundam o incompleto e ficam ainda um tanto ou quanto por comunicar, por se exprimir, por dizer ao mundo que a vida é tão simplesmente o finito do impossível e o infinito do possível.
Pareceu-me ouvir dizer que o sol sempre aquece até mesmo quando se esconde, que o esconderijo do encoberto está mais visível do que aquilo que se pensa. E que o pensamento nada mais é do que uma dor que nos acompanha e que nos faz ser. Ser como somos, ser qualquer coisa, que não diste do tudo, que não se aproxime do Nada. Que nada se aproxime, quero tudo tudo longe, longe daqui. Porque o melhor som é o silêncio e os sentidos que me enganam já os sinto como algo preto, escuro, cavernal. Carnaval. Uma loucura de máscaras, de utopias, de sonhos não vividos, de vidas não sonhadas, de vontades. Impera a vontade.
Fá-la voz que se oiça, sentido que se sinta e se não engane.
Não desistas.

P.S.: Ontem tive o prazer de ir a Pecha Kucha e foi de facto muito inspirador. Não pude ser indiferente ao "poetry slam", que foram os que abriram o serão. Declamaram um poema muito expressivo e emotivo que me enriqueceu bastante pois eu gosto de escrever conforme me surge, conforme me sinto e tudo isto são uma amálgama de sons e palavras que se unem e vivem dessa união contraditória ou não, assumem a sua existência e foi lindo. Aconselho. O título do texto honra a noite de ontem.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Luva Branca

Não é um dizer que sim ou que não. Nem tão um pouco um gesto descontrolado que nos escapa. Chame-se-lhe acaso. Chama-se-lhe o que for, o que queiramos que seja.
Eu chamo-lhe a ironia do fado. Chamo-lhe as palavras que se me agridem como estalos de luva branca. Chamo-lhe vocábulos em mares revoltos lutando contra aquilo que alego. Chamo-lhe guerra.
Chamo-lhe perdição. Chamo-lhe loucura.

Encontro-me um tanto ou quanto desarmada, despalavrada, não me rendo, mas faço silêncio.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O Porquê

Porque é que não cantam as flores do meu jardim?
Nem balançam as ondas do mar meu?
Porque é que o meu sorriso assim
Não contagia o teu?

Porque é que o verde não seduz
Quando a sua cor em mim se inunda?
Porque é que te não retém
Quanto muito te afunda?
   
Os pássaros ensaiam uma canção qualquer
E enamoram-me no meu jardim,
Nada tem de particular
Cantam apenas para mim

Para ti também cantariam
Se fosses da mesma canção,
Cantas-me tu uma tua
Sem saber ou intenção.

Cantas porque as tuas palavras na boca não cabem
E eu sou apenas a acessibilidade ao sensível.
Não quero mais ouvir de ti
Passei-te de nível.

E sim, talvez um dia acorde e pare de viver este meu sonho cor-de-rosa
Ou talvez um dia alguém responda
À minha simples prece
E me segure a mão com determinação,
E me diga que é seguro,
E me diga o mais-que-tudo,
E mais ainda: que ao dizê-lo,
O sinta.



* its not about saying what you're feeling, it's about feeling what your're saying

domingo, 10 de abril de 2011

Carta

Queria não falar. Queria somente fugir. De rosto escondido ou sem ele, cabelos emaranhados que me não deixam desprender desta corrupção.
Se as minhas palavras são água então deixem-me fugir com elas. Para lá, para longe, para o meu lugar.
Deixem-me ficar, deixem-me cantar e enamorar-me comigo mesma, feita louca correndo em círculos, procurando incessantemente parecer sã.
Estou farta de ouvir e que me seja imposta a premissa que me sela os lábios, tal qual um envelope que contém um meio de comunicação, mas que o não deixa comunicar, come-o, retém-no dentro de si mesmo.
Quero enviar a minha carta, é bem grande e apela a tão pouco.
Mas o meu selo também já não me corresponde e antes de ser selada já tenho a leve sensação que nunca serei lida(entendida).
Como eu queria ser lida. Como eu queria poder querer. Poder falar sem tudo ser alvo de profanidades.
Diz-me o que ganhas em fazer de mim fraca. Eu, sangue do teu sangue, que ganhas tu?
Afastamento? Os dias passam mais rápido do que nós damos conta e um dia, quando menos esperares, a minha carta não estará mais atafulhada no meio de tantas outras que nunca ousaste abrir. Não. Um dia, mudarei eu mesma o meu selo e serei aberta, lida e relida, guardada e estimada, algures no meio de um entendimento inexpressável, mas compreensível… algures, num outro lugar qualquer, menos aqui.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Canção do Mundo


Tem sido tão difícil escrever. Preciso de mais palavras. Talvez me dedique agora a uma outra língua, pois embora as palavras o mesmo queiram dizer, há toda uma nova linha de importâncias desde a sua sonoridade à forma como estas se apresentam e se relacionam com todas as outras que as rodeiam. É interessante ver quantas línguas nos cantam, quantas são frias, quantas são simplesmente carregadas, quantas são alegres, quantas são complexas, quanto são bonitas. Quem me dera saber falar todas as línguas. Talvez fizesse então um texto que seria também uma aproximação a algo melódico e metódico no sentido de construir com cada palavra de diferentes dialectos um som particular. Nem é preciso significar algo, porque as palavras significam sempre inúmeras concepções, fiquemos apenas pelo som, pela harmonia que estas possam ter.
Seria a canção do mundo. Eram as palavras notas e a voz o instrumento. Fariam desta harmonia o meu poliglótico alento.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Três

Três vezes.
Contei até três.
Disse três vezes que não eras tu.
Disse-me três vezes que não sentia.
Saltei três vezes e disse três palavras.
Tentámos três vezes, tivemos mais de três momentos e aos três não chegou.
Cantei três vezes, tentei esquecer-te num tal dia três.
Comi três coisas com sabores ambíguos numa tentativa incessante, e um tanto ou quanto risível, de te não pensar.
Fui três coisas.
Tentei agir para contigo de três formas diferentes e nenhuma delas conseguiu nomear-se como vencedora.
És as três palavras que eu não quero dizer.
Fujo ao número três que me desilude. Fujo-lhe, como-o, esmago-o.
Talvez o número dois seja o número Perfeito porque três pessoas dá um caso bicudo.
Pensei que o número três fosse o número da Perfeição. Percebo agora que é para mim tão imperfeito quanto todos os outros números, falaciosos e irresolúveis.
Nenhum nos serve.
Tenho que deixar de tentar encaixar as três peças de um único puzzle que não têm qualquer encaixe possível. São talvez de um outro puzzle… com mais de três peças.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Hoje Brilho

Tenho a minha casa toda iluminada, o sol brilha tão radiante, não consigo não sorrir. Sou consoante o dia, brilho com ele ou sou toda uma névoa quando se pinta de cinzento e até consigo chover, embora a minha precipitação não partilhe o mesmo símbolo químico.
É nestes dias que sou capaz de correr feita louca, verde, clara, tão aberta e sensível, tão sorridente e carente. Preciso deste brilho que me abre o rosto, que me ilumina e me lembra de me ser. Lembra-me que a vida está repleta de um belo natural que eu amo e é recíproco. Sou capaz de me entregar completamente a estes dias, que levem tudo de mim, eu sou-me tanto neles.
É a corda à qual me agarro firmemente para não cair neste mundo corrompido. É a que me prende também a ela. Há coisas inexplicavelmente afáveis e mesmo sendo banais o não são porque existem e existem por uma razão que nos é distante. Tudo tem uma razão de ser e a Razão da Natureza, que tão pouco dela conhecemos, é linda em toda a sua forma, conceito e expressão pelo simples facto de fazer tanto sentido e pelo porquê desse sentido desconhecermos. Talvez seja isso que a torne tão especial. Ela é o completo, nós somos apenas a metade.
 
Hoje não consigo não brilhar :) sou tua súbdita, guia-me por favor.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

De olhos fechados

E se fechasse os olhos e tudo fosse, por um só momento, diferente. Olharia para o lado reconfortada com o retorno do teu olhar intenso. A tua mão… permaneceria lá, estarrecida, rendida, tal qual a minha e juntas pareceriam completar-se, unificar-se, ser uma forte união inderrubável e imutável.
Os nossos passos seriam tão certos e ritmados, caminhando sempre no mesmo sentido musical, respeitando cada nota e vivendo uma harmonia inigualável.
Mas eu tenho um buraco – que escondo – que se não quer preencher. Está vazio e tende a ficar empoeirado, coberto e impenetrável tal qual nenhum outro. Queria esquecer e não pensar, mas sei-o bem não possível. Mais vale dizer ao tempo que se não demore neste seu decorrer de eventos sucessivos, que se não demore.
Afinal de contas estou bem e até sorrio. Por dentro, todavia, vou-me desmaterializando e penso em tudo aquilo que sou e que, por sê-lo, ei-lo: o amargo resultado.

É por isso que é de olhos fechados que prefiro ver o mundo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Linger

Não é hábito meu postar algo que me não pertence. Contudo, revejo-me nesta letra, sinto cada palavra. Diz muito melhor que eu aquilo que sinto.
Diz assim:


If you, if you could return, don't let it burn, don't let it fade.
I'm sure I'm not being rude, but it's just your attitude,
It's tearing me apart, It's ruining everything.
I swore, I swore I would be true, and honey, so did you.
So why were you holding her hand? Is that the way we stand?
Were you lying all the time? Was it just a game to you?
But I'm in so deep. You know I'm such a fool for you.
You got me wrapped around your finger, ah, ha, ha.
Do you have to let it linger? Do you have to, do you have to,
Do you have to let it linger?
Oh, I thought the world of you.
I thought nothing could go wrong,
But I was wrong. I was wrong.
If you, if you could get by, trying not to lie,
Things wouldn't be so confused and I wouldn't feel so used,
But you always really knew, I just wanna be with you.
But I'm in so deep. You know I'm such a fool for you.
You got me wrapped around your finger, ah, ha, ha.
Do you have to let it linger? Do you have to, do you have to,
Do you have to let it linger?
And I'm in so deep. You know I'm such a fool for you.
You got me wrapped around your finger, ah, ha, ha.
Do you have to let it linger? Do you have to, do you have to,
Do you have to let it linger?
You know I'm such a fool for you.
You got me wrapped around your finger, ah, ha, ha.
Do you have to let it linger? Do you have to, do you have to,
Do you have to let it linger?

Esta é a tua música. 


sábado, 1 de janeiro de 2011

Um dia vou soprar-te

Gostava de dizer que não, mas sinto tanto a tua falta. Não é bem a falta, mas o bem que me fazia sentir que te tinha. Dava-me força e alento para seguir em frente, para ser capaz. Apesar de todo o mal que me causaste o meu sentimento por ti fazia-me sentir bem comigo mesma e, apesar da tristeza, havia sempre lá qualquer coisa que me fazia acreditar, que sabia que até te importavas, que sabia que até me ouvias.
Talvez nada disto real fosse e o que escrevo seja apenas um desabafo só porque hoje me deu para humedecer.
Não devias ser mais o meu assunto para escrever pois considerei-te um capítulo encerrado. Já lá vão quase três e eu aqui, estupidamente ainda a sentir por ti. Não devia ter-te encontrado, nem tão pouco te ter ouvido, porque apenas falsidades me vendes. Não posso estar perto de ti, mas as nossas vidas entrelaçadas não se conseguem não cruzar, não consigo não te ver nem tão pouco não te falar. Estás em todo o lado por onde vou. Quero mudar de país. Mas não vou mudar por ti porque não te quero dar tamanha importância…
Parece que não consigo acreditar que não posso acreditar mais em ti visto que o teu discurso é palavroso e falacioso. Mas até percebo porque é que quero acreditar que há algo bom em ti: eu quero que te arrependas, quero que olhes para dentro de ti e te envergonhes, quero que caves um buraco no chão e lá te escondas. A ti e à vergonha que não tens.
Devia saber de antemão que isso não vai acontecer porque te amas demasiado. Aliás, talvez sejas a única pessoa que tu alguma vez amaste e vais amar.
Não tens importância. Não devias tê-la para mim. Quando te oiço quero o silêncio. (Queria não te sentir por perto.) Quando te vejo quero cerrar os olhos. Queria não te encontrar quase sempre que o sol nasce. Talvez assim tudo fosse mais propício para o esquecimento erguer a sua varinha de condão e o tempo poder falar por si. Mas tenho de te ouvir. E o mais difícil: nenhuma palavra que da tua boca escape posso tomar como sincera... As tuas palavras são ruído.

Um dia vou desfazer-me de ti.
E quando fores pó, vou soprar-te.